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Bispos angolanos alertam para risco de convulsões sociais devido à crise económica

by REDAÇÃO

A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) manifestou profunda preocupação com o agravamento da situação socioeconómica do país, alertando para um iminente risco de convulsões sociais. Em nota pastoral divulgada esta quinta-feira (17/07), os bispos católicos destacam o impacto negativo das recentes medidas económicas sobre as famílias, sobretudo as mais vulneráveis.

De acordo com a CEAST, o aumento dos preços dos combustíveis e de outros serviços essenciais tem conduzido grande parte da população à indigência, com uma “asfixiante perda do poder de compra”. Os bispos referem que a subida do gasóleo provocou um encarecimento generalizado dos bens e serviços, deixando milhares de angolanos sem meios dignos de subsistência.

“Erguemos a nossa voz pela paz social e em defesa dos que menos podem suportar a carestia de vida”, lê-se na declaração. O documento aponta que o agravamento da crise alimentar e a sobrecarga fiscal têm retirado aos cidadãos as já escassas alternativas para uma vida digna.

Os bispos, reunidos em Luanda num conselho permanente alargado, denunciam ainda o impacto do aumento dos transportes, com a tarifa dos táxis a subir para 300 kwanzas e a dos autocarros urbanos para 200 kwanzas, medidas que resultam do recente aumento do preço do gasóleo, de 300 para 400 kwanzas por litro.

A CEAST considera que a “escalada dos preços” atua como catalisador da fragilidade social e apela a uma “concertação social mais inclusiva e ponderada” antes da adoção de políticas com forte impacto na vida das populações.

Os protestos populares que se seguiram, nomeadamente a manifestação de 12 de julho em Luanda — reprimida pelas autoridades com uso de gás lacrimogéneo — são, segundo os bispos, um reflexo da “inevitável indignação popular”. Criticam o “uso desproporcional da força policial” contra manifestações pacíficas e alertam que a paz social está em risco.

Para os bispos, o país atravessa “um momento melindroso” que exige sensibilidade por parte dos decisores públicos. Recomendam ao Governo a revisão das medidas recentemente adotadas e apelam à adoção de soluções menos penalizantes para os cidadãos.

Recordando que Angola se prepara para celebrar 50 anos de independência, os líderes religiosos consideram que um “alívio do pesado fardo económico” seria o melhor presente para o povo angolano.

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