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Como os Gabinetes de Comunicação podem combater a desinformação em Angola

by REDAÇÃO

Em um mundo cada vez mais conectado, a desinformação – ou, como é mais popularmente conhecida, as fake news – tornou-se um dos grandes desafios da comunicação institucional. Em Angola, esse problema vem ganhando proporções alarmantes, impulsionado pela força das redes sociais e outras plataformas digitais, onde a informação se propaga de forma veloz e muitas vezes sem verificação.

Mas como podem os Gabinetes de Comunicação Institucional (GCIs) fazer frente a esse fenómeno?

A desinformação em Angola possui múltiplas facetas, mas uma das mais visíveis é a sua instrumentalização política. Casos recentes demonstram como conteúdos manipulados são usados para atacar a imagem de líderes e autoridades. Um exemplo disso foi a circulação de um vídeo adulterado que insinuava que Higino Carneiro teria recusado tirar uma fotografia com o Presidente João Lourenço. Embora a falsidade fosse clara, nenhum órgão oficial veio a público desmentir o conteúdo.

Essa omissão, mesmo compreensível diante da falta de recursos para responder a todas as publicações nas redes, é perigosa quando se trata de conteúdos criados com a intenção de causar danos políticos, económicos ou sociais.

Diante deste cenário, os Gabinetes de Comunicação precisam repensar seu papel. Não basta mais serem produtores de comunicados esporádicos. É preciso adotar uma postura proactiva, estratégica e contínua, com foco na construção de uma comunicação pública eficaz.

Aqui estão três caminhos fundamentais para que os GCIs atuem com mais impacto:

Os GCIs precisam deixar de ser apenas reprodutores de notas oficiais. Num ambiente de comunicação cada vez mais dinâmico, os gabinetes devem funcionar como núcleos estratégicos, com capacidade de diálogo direto com o público. Isso implica esclarecer rumores, explicar políticas públicas com clareza e criar narrativas que fortaleçam a confiança da população nas instituições.

Uma comunicação pública moderna deve informar, educar e envolver.

A dependência exclusiva do Facebook é um erro comum. Embora seja uma plataforma popular, a eficácia da comunicação institucional depende da presença em diversas mídias, como:

  • Websites oficiais atualizados
  • Newsletters informativas
  • Conferências e eventos presenciais
  • Grupos de WhatsApp institucionais
  • Rádio comunitária, para regiões com menor acesso digital

Essa multiplicidade de canais garante maior alcance, melhor segmentação do público e uma resposta mais rápida a conteúdos falsos.

Hoje, combater a desinformação exige vigilância constante. Os GCIs devem investir em ferramentas tecnológicas que permitam monitoramento em tempo real das redes sociais e meios de comunicação. Quanto mais rápido um boato é identificado, maior a chance de neutralizá-lo antes que ele cause danos sérios.

Além disso, a resposta deve ser imediata, bem fundamentada e transparente, com dados oficiais e linguagem acessível ao público.

O combate à desinformação não pode mais ser encarado como algo secundário dentro da comunicação institucional. Os Gabinetes de Comunicação devem se reinventar e assumir um papel central na defesa da verdade, da reputação das instituições e da estabilidade social.

É um desafio que exige investimento, capacitação e, acima de tudo, vontade política para valorizar a comunicação pública como pilar da democracia e da boa governação.

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