Na ressaca das eleições legislativas em Portugal, a Bolsa de Lisboa encerrou a sessão de segunda-feira com ganhos modestos, acompanhando uma recuperação parcial das principais praças europeias. A sessão foi marcada pela prudência dos investidores, ainda digerindo os efeitos do corte do rating dos Estados Unidos pela Moody’s na última sexta-feira.
O índice PSI, principal termómetro da bolsa portuguesa, avançou 0,19%, fixando-se nos 7.249,88 pontos. A maioria das cotadas do índice — 11 em 15 — terminou o dia em terreno positivo. Este desempenho seguiu-se à vitória da coligação AD nas eleições legislativas, num contexto político que também evidenciou o crescimento da extrema-direita no parlamento.
Apesar do clima político interno, os mercados nacionais mostraram uma reação mais alinhada com as tendências internacionais do que com o resultado eleitoral em si. Como destacou Filipe Garcia, economista da IMF, “o comportamento dos mercados portugueses parece mais relacionado com os movimentos externos do que com o cenário político doméstico.”
Os juros da dívida soberana portuguesa, que haviam iniciado o dia em alta, acabaram por aliviar ao longo da sessão. Este movimento indica um alívio da pressão sobre a perceção de risco do país, mesmo após as eleições.
Entre os destaques do dia, a Mota-Engil roubou a cena com uma valorização expressiva de 10,1%, encerrando a 4,548 euros. A subida foi impulsionada por uma revisão em alta do preço-alvo das ações, agora estimadas em 6,20 euros num horizonte de 12 meses.
O setor do retalho também contribuiu para os ganhos do PSI. A Sonae subiu 2,14%, encerrando a sessão nos 1,148 euros, enquanto a Jerónimo Martins registou um acréscimo de 0,74%, fixando-se nos 21,82 euros.
No lado oposto, a EDP Renováveis foi a cotada que mais perdeu valor, com uma queda de 2,68% para 8,89 euros — reflexo da sua forte exposição ao mercado norte-americano, diretamente afetado pelo rebaixamento do rating. A empresa-mãe, EDP, também recuou, caindo 0,76% para 3,410 euros.
Embora o mercado tenha reagido com alguma cautela, o sentimento geral foi de estabilidade, com destaque positivo para empresas como a Mota-Engil, que mostram confiança renovada dos investidores. Resta agora observar como os próximos dias serão influenciados tanto pelo novo contexto político nacional quanto pelos ventos externos da economia global.