A paciência dos Estados Unidos está a esgotar-se quanto à possibilidade de um acordo de paz entre Kiev e Moscovo. Em declarações feitas esta sexta-feira, em Paris, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, admitiu que Washington poderá abandonar os esforços diplomáticos se não surgirem avanços concretos nos próximos dias.
Após uma série de reuniões com representantes da Ucrânia e da União Europeia, Rubio descreveu as conversações como “construtivas”, revelando que já existe um esboço com os possíveis passos para alcançar um entendimento. No entanto, o diplomata norte-americano foi claro ao dizer que a janela para alcançar um acordo está a fechar-se rapidamente.
“Estamos num momento decisivo. Precisamos de saber, em poucos dias, se há ou não um caminho realista para a paz”, afirmou Rubio antes de regressar aos EUA.
As autoridades francesas confirmaram que uma nova ronda de negociações, no mesmo formato tripartido, deverá ocorrer em Londres já na próxima semana. Rubio não descartou a sua participação, embora tenha deixado no ar a possibilidade de os EUA reconsiderarem a sua posição caso não vejam sinais claros de avanço.
Apesar dos esforços da atual administração dos EUA, liderada por Donald Trump, para intermediar um cessar-fogo, a Rússia continua a impor condições que são inaceitáveis para Kiev. Moscovo exige o fim da mobilização militar ucraniana e a interrupção do envio de armas pelo Ocidente — pontos que o governo ucraniano se recusa a aceitar.
Rubio destacou ainda que o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, tem desempenhado um papel central nestas negociações, incluindo encontros diretos com o presidente russo Vladimir Putin. No entanto, mesmo com várias rondas de conversações, inclusive na Arábia Saudita, ainda não foi possível garantir um compromisso de cessar-fogo por parte do Kremlin.
Esta foi a primeira vez, desde o início do segundo mandato de Trump, que altos representantes dos EUA, da Ucrânia e da UE se reuniram presencialmente para debater soluções para o conflito. A reunião em Paris surge num contexto de inquietação crescente na Europa, onde há receios de que Washington possa estar a flexibilizar sua posição em relação a Moscovo.
Com o tempo a esgotar-se e as exigências russas a travarem o diálogo, os Estados Unidos avaliam seriamente a possibilidade de encerrar os esforços de mediação. A decisão final poderá ser tomada nos próximos dias — um possível ponto de viragem no conflito que continua a abalar o coração da Europa.