Recentemente, as autoridades angolanas tomaram medidas drásticas para conter o surto de cólera na localidade de Luinha, no município de Cazengo, na província do Cuanza Norte. A medida foi decretada devido à morte de quase 20 pessoas nos últimos dias, em decorrência da doença. A ação consiste na implementação de uma cerca sanitária, o que significa que ninguém pode entrar ou sair da área afetada neste momento.
De acordo com o governador da província, João Diogo Gaspar, em entrevista à Rádio Nacional de Angola (RNA), a situação é preocupante, e a medida visa evitar maiores danos à população. Estima-se que cerca de 300 pessoas tenham deixado a localidade devido ao medo de serem contaminadas. “Fechámos. Não entra, não sai porque tivemos a informação que cerca de 300 pessoas fugiram desta localidade em função dos óbitos que iam acontecendo e daí vimos que deveríamos fechar para não haver danos humanos”, afirmou Gaspar.
A situação de saúde no local é grave. Até o último boletim informativo, 322 pacientes haviam testado positivo para a cólera, com 16 óbitos registrados apenas no final de semana. O governador destacou que, embora houvesse um descontrole inicial, os médicos conseguiram estabilizar a situação, impedindo que o quadro piorasse ainda mais.
Ainda segundo o último boletim, divulgado na segunda-feira, o município de Cazengo registrou 55 novos casos da doença e mais três mortes. O surto de cólera, que teve início em 7 de janeiro deste ano, já se espalhou por 14 províncias do país, com um total de 7.573 casos confirmados e 285 mortes.
Como parte dos esforços para controlar a propagação da doença, as autoridades também estão implementando uma campanha de vacinação. Até o momento, mais de 2.500 moradores da região de Cuanza Norte foram imunizados, segundo Kenda Alfredo, supervisor provincial do programa de vacinação na província.
Para evitar a disseminação do surto para outras áreas, a circulação de comboios do Caminho de Ferro de Luanda foi suspensa nas estações de Zenza do Itombe, Ndalawi (Beira Alta), Múria e Luinha, que são pontos críticos de contaminação. Essas medidas visam, principalmente, limitar o transporte de carga e passageiros para as regiões afetadas.
O surto de cólera continua sendo uma preocupação para as autoridades de saúde angolanas, que seguem monitorando a situação de perto e intensificando os esforços para prevenir mais infecções e salvar vidas.