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Denúncias no Corredor do Lobito: Funcionário morre após ser obrigado a trabalhar doente

by REDAÇÃO

O ambiente de trabalho no Corredor do Lobito tem sido alvo de denúncias graves envolvendo racismo, discriminação e maus-tratos contra funcionários angolanos. Um dos casos mais chocantes diz respeito à morte de Miguel Catumbela, técnico de apoio de 37 anos, que faleceu no dia 28 de dezembro de 2024, após ser forçado a viajar para a província do Moxico, mesmo apresentando sinais evidentes de incapacidade física e psicológica.  

De acordo com uma carta aberta divulgada por funcionários da empresa, Miguel Catumbela teria sido pressionado pelo seu superior, o expatriado Tiago Conte, a realizar a viagem, apesar do seu estado debilitado. Ao retornar ao Lobito, onde residia, o trabalhador enfrentou complicações graves de saúde, vindo a falecer pouco depois.

A falta de assistência médica imediata e a negligência diante da sua condição geraram indignação entre os colegas, que apontam um padrão de abuso e desrespeito por parte dos gestores estrangeiros.

Denúncias de racismo e desigualdade no Corredor do Lobito

As acusações não se limitam apenas ao caso de Miguel. Segundo os trabalhadores, existe um ambiente de discriminação estrutural dentro da empresa, onde expatriados são favorecidos com salários exorbitantes e melhores condições de trabalho, enquanto os funcionários angolanos enfrentam ameaças de demissão e um tratamento autoritário.

O clima de insatisfação se tornou evidente em uma reunião coletiva realizada em 31 de janeiro de 2025, liderada pelo PCA da empresa LAR, Francisco Franca. Durante o encontro, um sindicalista questionou diretamente sobre o racismo e as desigualdades enfrentadas pelos trabalhadores nacionais. No entanto, o gestor afirmou que não via indícios de discriminação e sugeriu que as denúncias fossem feitas diretamente à administração.

Apesar disso, relatos internos indicam que o diretor Tiago Conte exerce um poder excessivo dentro da empresa, chegando a ser mais influente do que o próprio diretor da área operacional, António Custódio.

Além das práticas discriminatórias, a carta aberta denuncia ainda situações de favorecimento indevido a expatriados, incluindo assédio moral e sexual dentro da empresa. O diretor de Logística, José Madaleno, teria envolvido funcionárias em relações pessoais controversas, oferecendo viagens e benefícios enquanto impunha restrições aos seus relacionamentos.

Madaleno, apontado como um dos diretores mais influentes devido à sua relação com o PCA Francisco Franca, também é acusado de prejudicar funcionários angolanos e manter um ambiente de trabalho desigual.

Diante da gravidade das alegações, os trabalhadores pedem uma intervenção imediata das autoridades angolanas para investigar os casos de racismo, maus-tratos e abuso de poder dentro do Corredor do Lobito. A carta enfatiza a necessidade de ações concretas para garantir um ambiente profissional justo e digno para todos os colaboradores, independente da sua nacionalidade.

A repercussão do caso levanta questões urgentes sobre a gestão de empresas com presença de expatriados em Angola e reforça a importância de se combater práticas discriminatórias e abusivas no mercado de trabalho.

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