Lisboa viveu um sábado tenso, com duas manifestações de natureza oposta ocorrendo em locais próximos. Às 15h00, um grupo ativista agendou um protesto contra a atuação da PSP, intitulado “Não nos encostem à parede”, em resposta à intervenção policial no Martim Moniz, que gerou controvérsia pela revista de imigrantes nas ruas. Este evento reuniu milhares de pessoas que se manifestaram contra o racismo e a xenofobia, especialmente nas áreas periféricas e de grande concentração de imigrantes, como a zona do Martim Moniz.
Entretanto, um grupo de extrema-direita, com faixas e bandeiras do partido Ergue-te e do movimento Habeas Corpus, se posicionou silenciosamente na Alameda, uma hora antes do início do protesto. Com grande visibilidade e espaço ocupado, eles fizeram oposição à manifestação, em apoio à ação policial. O ato do grupo de extrema-direita gerou desconforto, até afastando um vendedor de livros anarquistas que estava no local, buscando um espaço mais afastado.
A situação ainda se intensificou com a organização de uma vigília pelo partido Chega, marcada para as 15h30, na Praça da Figueira, um ponto próximo aos protestos, em defesa da atuação da PSP e com o lema “Pela autoridade e contra a impunidade”.
Com o cenário de dois protestos polarizados, a presença de um grande dispositivo policial foi inevitável para garantir a segurança e evitar confrontos. A PSP esteve de prontidão para criar um perímetro entre os grupos, posicionando-se discretamente na Alameda, no ponto de partida da manifestação contra a polícia.
A manifestação contra a atuação da PSP foi organizada em resposta à intervenção da polícia no dia 19 de dezembro, na Rua do Benformoso, perto do Martim Moniz, onde imagens mostraram dezenas de imigrantes sendo revistados e encostados às paredes dos edifícios. Esse episódio gerou um forte repúdio entre ativistas de esquerda e várias organizações, que assinaram um apelo para denunciar práticas discriminatórias da polícia.
A resposta de grupos de direita foi imediata, com a organização da vigília de apoio à polícia e uma presença visível na área. A tensão no local foi palpável, como relatado por Afonso Sousa, um reformado da função pública, que comentou a atitude provocadora do grupo de extrema-direita, destacando que, embora não fosse contra ou a favor da polícia, a presença desses ativistas parecia ter como objetivo apenas gerar confrontos.
A manifestação, que visava levantar questões sobre o tratamento dos imigrantes e o uso da força pela polícia, foi marcada por um grande aparato de segurança, tentando impedir que os dois grupos entrassem em confronto direto.