UE – O primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobakhidze, surpreendeu a comunidade internacional ao anunciar a suspensão das conversações sobre a adesão do país à União Europeia (UE) até ao final de 2028. A decisão foi tomada após um período de tensões políticas, especialmente após as controvertidas eleições parlamentares realizadas em outubro de 2023.
A Geórgia, país com fortes laços históricos e culturais com a Europa, tem buscado uma maior integração com a União Europeia nas últimas décadas. Contudo, a recente crise política e os resultados contestados das eleições de outubro têm complicado esse processo. O Parlamento Europeu emitiu uma resolução condenando as eleições, afirmando que o pleito não foi nem livre nem justo. Entre as alegações mais graves estão a manipulação dos resultados, intimidação dos eleitores, e interferência com observadores internacionais e meios de comunicação.
Em uma declaração pública, Kobakhidze afirmou que, apesar de considerar a Geórgia uma nação europeia, o processo de adesão à UE deve ser conduzido de forma bilateral, sem imposições externas. Segundo ele, a Geórgia não deve ver a adesão à União Europeia como um favor, mas como um processo legítimo que depende do trabalho e da vontade do povo georgiano.
Além disso, Kobakhidze criticou duramente as tentativas da União Europeia de condicionar o apoio financeiro à Geórgia com base em decisões internas, como a polêmica lei dos “agentes estrangeiros” e outras ações que Bruxelas considerou como retrocessos democráticos. Por isso, o governo georgiano anunciou que recusará qualquer financiamento da UE até o final de 2028.
A oposição na Geórgia, por sua vez, recusa-se a reconhecer a legitimidade dos resultados eleitorais e boicota os trabalhos do novo parlamento. A oposição afirma que o pleito foi marcado por graves irregularidades e manipulação, o que, segundo eles, comprometeu a liberdade e a justiça do processo.
O Parlamento Europeu, após a análise das eleições, criticou duramente o partido no poder, o Sonho Georgiano, por seu papel nas violações eleitorais e pelo retrocesso democrático no país. A resolução do Parlamento Europeu inclui acusações de manipulação dos votos, repressão à liberdade de imprensa e intimidação de eleitores, além de acusações de interferência russa nos processos democráticos georgianos.
Em resposta às alegações de manipulação eleitoral, o Parlamento Europeu pediu uma investigação internacional independente para apurar as denúncias. Além disso, os eurodeputados sugeriram que a União Europeia imponha sanções pessoais contra o primeiro-ministro e outros altos funcionários do governo da Geórgia, acusados de comprometer o processo democrático no país.
Além disso, os parlamentares europeus expressaram preocupação com a interferência da Rússia nos assuntos internos da Geórgia, incluindo a disseminação de teorias da conspiração que envolvem a oposição e a alegada ameaça de guerra com a Rússia sob a influência do Ocidente. Essas ações, de acordo com os eurodeputados, são incompatíveis com os objetivos de integração euro-atlântica da Geórgia.
Com a suspensão das conversações para a adesão à UE, a Geórgia se vê em um ponto de inflexão em suas relações com Bruxelas. A decisão de Kobakhidze reflete um distanciamento das políticas de integração europeia, o que levanta questões sobre o futuro do país no contexto internacional.
Enquanto isso, a oposição continua a mobilizar-se contra o governo, buscando apoio internacional para pressionar por uma revisão dos resultados das eleições e por uma investigação imparcial sobre as alegações de fraude eleitoral. Para muitos, o futuro democrático da Geórgia dependerá de como a situação política interna evoluirá e da capacidade do governo em restaurar a confiança pública e retomar as negociações com a União Europeia de forma mais transparente e justa.
O que é certo é que a Geórgia enfrenta um momento crítico em sua história política, e as próximas decisões podem moldar significativamente o seu futuro na política europeia e nas suas relações com potências internacionais, incluindo a União Europeia e a Rússia.