Maputo – No cenário político moçambicano, o candidato presidencial Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), afirmou recentemente ter sido alvo de uma tentativa de assassinato na África do Sul. Em um vídeo divulgado no início desta semana, Mondlane relatou o episódio dramático, que teria ocorrido em Joanesburgo, onde ele se refugiou após as eleições de 9 de outubro. Segundo suas declarações, ele estava hospedado na área de luxo de Sandton quando teria sido surpreendido por supostos assassinos em sua porta.
Em seu relato, Mondlane explicou que precisou fugir pela porta dos fundos do local onde estava hospedado, passando por um salão de cabeleireiro e carregando suas malas e sua família para escapar da situação. No entanto, ele não especificou a data em que o incidente ocorreu. Mondlane deixou a África do Sul após o episódio, e o Ministério das Relações Exteriores do país afirmou não ter informações oficiais sobre sua presença no território, destacando que um evento de tal natureza deveria ter sido reportado à polícia local.
Desde as eleições, Mondlane contesta os resultados oficiais, que, segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, conferem a vitória a Daniel Chapo, do partido Frelimo, com mais de 70% dos votos, contra os 20% obtidos por Mondlane. A situação de instabilidade agravou-se após o assassinato do advogado de Mondlane, Elvino Dias, e do representante do Podemos, Paulo Guambe, em 19 de outubro. Ambos foram mortos a tiros quando se preparavam para questionar judicialmente os resultados das eleições, o que, segundo Mondlane, aumenta sua própria sensação de insegurança.
A situação ganhou mais atenção após declarações da Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, que acusou Mondlane de incitar atos de vandalismo e violência com seus discursos. Em uma nota oficial enviada ao corpo diplomático, Macamo afirmou que as manifestações incentivadas por Mondlane teriam resultado em saques, destruição de propriedades e até mortes, e apelou à comunidade internacional para ajudar na restauração da ordem e estabilidade no país.
Segundo a ministra, o governo está preocupado com o uso de jovens em protestos violentos e criminosos e enfatizou que o governo moçambicano está comprometido com a estabilização da situação atual. Nas últimas semanas, a crescente onda de protestos tem afetado grandes cidades do país, paralisando atividades e resultando em confrontos.
Apesar das acusações e do cenário tenso, Mondlane mantém uma postura de resistência. Em sua mais recente declaração, ele convocou uma grande manifestação para o dia 7 de novembro, chamando-a de “dia da vitória”. A expectativa é de que esse evento aumente ainda mais a pressão sobre o governo e amplifique o apelo de Mondlane por uma revisão dos resultados eleitorais.
O caso de Venâncio Mondlane reflete as tensões crescentes no cenário político moçambicano, onde acusações e incidentes de violência têm complicado o processo de aceitação dos resultados eleitorais. Com uma nova manifestação programada e a pressão internacional aumentando, resta observar como o governo moçambicano e a oposição irão lidar com esses desafios nas próximas semanas.