Neste domingo, a presidente da Geórgia, Salomé Zurabishvili, pronunciou-se firmemente contra os resultados das eleições parlamentares, afirmando que o país foi alvo de uma “operação especial” russa. As eleições, realizadas no último sábado, deram vitória ao partido no poder, “Sonho Georgiano”, considerado pró-russo. Contestando a legitimidade do processo, Zurabishvili pediu aos georgianos para se reunirem em Tbilisi, capital do país, para um protesto público na noite de segunda-feira.
Com a contagem final de votos indicando 53,9% para o “Sonho Georgiano”, a oposição georgiana, representada pela Coligação para a Mudança, declarou que não assumirá seus mandatos parlamentares, em protesto contra o que chamaram de “fraude eleitoral”. Observadores internacionais, incluindo representantes do Parlamento Europeu e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), confirmaram irregularidades, apontando para um ambiente de pressão antes e durante a votação.
Apesar de observarem que a eleição foi, no geral, organizada, os membros da delegação internacional relataram incidentes preocupantes, como compra de votos e presença de câmeras dentro das assembleias de voto, criando um clima de intimidação. Segundo Iulian Bulai, um dos observadores, houve também problemas com a segurança de seus veículos e pressões especialmente em áreas rurais. Em cerca de 24% dos casos monitorados, a privacidade do eleitor foi comprometida.
Outro aspecto observado foi o uso desigual de recursos entre os partidos, com o “Sonho Georgiano” dominando o acesso a fundos e à mídia, aumentando assim sua vantagem. A equipe de observadores apontou que o partido governista utilizou sua infraestrutura, incluindo o Gabinete Anticorrupção recém-criado, como uma ferramenta política para fortalecer sua campanha.
Com um ambiente tenso e polarizado, o impacto das conclusões da delegação de observadores internacionais pode alimentar as ações da oposição e a insatisfação pública, colocando o país em uma encruzilhada entre a estabilidade política e o desejo por uma maior integração europeia.
A situação atraiu a atenção de líderes europeus, embora muitos tenham optado por manter uma postura cautelosa. O primeiro-ministro húngaro, Victor Orbán, foi um dos poucos a felicitar publicamente o “Sonho Georgiano”. Com os relatos de irregularidades e manipulação, a Geórgia encara agora um momento decisivo para sua trajetória política, na busca por transparência e democracia.