Na última sexta-feira, o Presidente da República de Angola, João Lourenço, tomou uma decisão estratégica ao substituir os diretores do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME). Essas alterações, que trouxeram figuras ligadas ao Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE), visam fortalecer o combate à corrupção e ao contrabando — problemas que preocupam a sociedade e o governo angolano.
A exoneração dos antigos diretores — João António da Costa Dias (SME), António Paulo Bendje (SIC), e Fernando Manuel Bambi Receado (adjunto no SIC) — vem em um momento de pressão crescente para aperfeiçoar a atuação das instituições de segurança e investigação do país. O novo diretor do SIC é Luciano Tânio Jorge Custódio Mateus da Silva, enquanto José Coimbra Baptista Júnior assume o comando do SME.
“Luciano Tânio Jorge Custódio Mateus da Silva”, o novo chefe do SIC, possui vasta experiência no setor de inteligência, tendo atuado como chefe-adjunto do SINSE durante a gestão de Mariana Lourdes Lisboa. Além de sua trajetória na segurança, Luciano também foi professor universitário no Instituto Piaget e, nos últimos anos, ocupava a função de Diretor do Corpo Especial de Segurança para Minerais Estratégicos. Sua nomeação representa um impulso para combater os casos de contrabando que têm afetado o país.
José Coimbra Baptista Júnior “Coy”, nomeado para o SME, também possui um histórico sólido na segurança, vindo das extintas FAPLA e com formação em economia. Ele atuou no SIE sob a direção de Fernando Miala, passando depois ao SINSE, onde ocupou a posição de vice na área administrativa. Sua experiência é vista como essencial para reformular o SME e aumentar a eficácia da instituição no controle migratório.
A decisão de nomear líderes oriundos do SINSE para as direções do SIC e SME sugere uma abordagem mais rigorosa para enfrentar crimes complexos, especialmente os relacionados ao contrabando e corrupção. Segundo analistas, essa estratégia pode refletir a intenção de reforçar a independência investigativa do SIC e reduzir a influência de pressões políticas nas apurações. Recentemente, denúncias de participação de membros da Polícia Nacional em esquemas de contrabando intensificaram o debate sobre a necessidade de uma reforma nas instituições de segurança angolanas.
Essa é a segunda vez em doze anos que o SME passa a ser comandado por um oficial com raízes no SINSE, demonstrando uma continuidade na prática de nomeações vindas do círculo de segurança de Estado. Alguns especialistas apontam que, com a substituição das lideranças do SIC e SME, o presidente Lourenço pode estar reforçando seu controle direto sobre essas entidades, acelerando o combate à corrupção, que é uma de suas promessas de governo.
A expectativa agora é que os novos diretores, com suas experiências em inteligência e segurança, implementem mudanças práticas que fortaleçam as investigações de casos complexos e a autonomia operacional, permitindo que o SIC e o SME atuem com maior independência. Com essas trocas, o governo pretende sinalizar aos cidadãos e à comunidade internacional que Angola está comprometida em criar instituições mais transparentes e eficazes no combate a crimes que ameaçam a integridade do país.
Ao colocar especialistas em inteligência no comando, o Presidente João Lourenço reafirma sua intenção de combater as raízes da corrupção e do contrabando, um passo que pode trazer novas e duradouras transformações ao setor de segurança de Angola.