Maputo – A recente declaração de Ossufo Momade, líder do partido moçambicano Renamo, marcou um novo capítulo na política de Moçambique. Na última sexta-feira, Momade anunciou que o partido não aceita os resultados das eleições gerais, realizadas no dia 9 de outubro, conforme divulgados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE). Com 5,81% dos votos, segundo os números oficiais, o candidato presidencial e seu partido consideram o processo eleitoral ilegítimo, sinalizando possíveis repercussões no cenário pós-eleitoral.
Durante um discurso em Maputo, Momade deixou clara a postura de contestação da Renamo, afirmando que o partido tomará medidas para anular o resultado das eleições: “A Renamo está ciente da responsabilidade que tem neste país, por isso declaramos, aqui e agora, que não aceitamos os resultados”. O líder destacou que recorrerá tanto a instâncias internas quanto a internacionais para assegurar o que considera ser a justiça eleitoral. Segundo ele, se a situação não for revertida, o partido não se responsabiliza por possíveis “eventos pós-eleitorais” que possam ocorrer em resposta ao descontentamento popular.
O discurso de Momade também incluiu denúncias sobre o que a Renamo chama de graves irregularidades durante o processo eleitoral. Ele mencionou práticas como enchimento de urnas, uso de atas falsificadas, manipulação de resultados e discrepâncias nas contagens entre os níveis distrital e local. Essas ações, na visão do líder, caracterizam um desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos moçambicanos, ferindo a legitimidade do pleito.
O anúncio da rejeição dos resultados da Renamo ocorreu em meio a um cenário tenso, com manifestações e uma greve geral convocada por Mondlane, um líder de oposição que também expressa insatisfação com o processo eleitoral. Nas ruas das principais cidades, protestos e confrontos entre manifestantes e a polícia têm se tornado frequentes, especialmente em Maputo, onde os manifestantes reivindicam transparência e justiça nas eleições.
Para a Renamo, os resultados eleitorais representam uma perda significativa, reduzindo sua presença parlamentar de 60 para 20 cadeiras. Esta redução reflete não apenas no poder político do partido, mas também no impacto de sua voz na Assembleia. A insatisfação do partido se baseia no sentimento de que o resultado é fruto de manipulações e fraudes que comprometem a legitimidade do sistema eleitoral moçambicano.
As próximas semanas serão decisivas para a política moçambicana. Com a promessa da Renamo de mobilizar mecanismos internacionais e as crescentes manifestações populares, Moçambique enfrenta um momento crítico em sua democracia. A resolução do impasse exigirá esforços significativos para garantir que as demandas de justiça e transparência sejam atendidas, preservando a estabilidade e o futuro do país.