Luanda – Em uma conferência de imprensa realizada na última quarta-feira, 23, o deputado Francisco Gentil Viana, membro da Frente Patriótica Unida (FPU) e filho de um dos co-fundadores do MPLA, teceu críticas contundentes ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Viana contestou a visita programada de Biden a Angola, acusando-o de apoiar o regime autoritário no país africano ao incluir Angola em sua agenda diplomática.
Segundo o deputado, a vinda de Biden representa, na verdade, um respaldo indireto à “ditadura angolana”. Em sua fala, Viana questionou a motivação por trás da visita: “Vem para Angola fazer o quê? Sr. Presidente Biden, vem apoiar o quê? Vem apoiar a ditadura, vem apoiar os seus negócios e os negócios da sua família?” O parlamentar criticou o que percebe como um apoio seletivo à democracia por parte dos Estados Unidos, destacando que Biden promove a causa democrática na Venezuela, mas parece ignorar as restrições à liberdade e à ausência de autarquias em Angola.
Para Viana, o objetivo da visita de Biden está menos relacionado com o apoio à democracia e mais centrado em interesses estratégicos e econômicos americanos. O deputado acredita que a principal meta do líder norte-americano é garantir o acesso dos EUA aos recursos naturais de Angola, incluindo o corredor do Lobito, uma rota de escoamento fundamental para o comércio e exportação de riquezas angolanas.
A percepção de que a visita de Biden serve a interesses externos foi amplamente compartilhada pelos presentes na conferência. Estiveram ao lado de Viana figuras da oposição, como Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA; Filomeno Vieira Lopes, presidente do Bloco Democrático; e Abel Chivukuvuku, coordenador do movimento PRA-JÁ Servir Angola. Eles reiteraram a importância de uma maior autonomia democrática no país e expressaram sua oposição ao apoio internacional que o governo angolano recebe, enfatizando que ele reforça práticas autoritárias e a falta de liberdade.
A FPU tem expressado reiteradamente sua preocupação com o estado da democracia em Angola. Para Viana, o apoio seletivo de Biden sugere que a promoção da democracia americana é estratégica, aplicando-se em regiões que atendem a interesses específicos dos EUA, enquanto a situação em outros países — como Angola — é negligenciada.
Este episódio destaca as críticas crescentes ao governo angolano e a expectativa de mudanças que promovam uma democracia mais autêntica e inclusiva. Muitos angolanos esperam que a comunidade internacional pressione para que direitos democráticos sejam respeitados em Angola, em vez de priorizar apenas os interesses econômicos e estratégicos no país.