O candidato republicano retoma a campanha em comício no estado de Michigan com J.D. Vance a subir ao palco pela primeira vez, depois de ter sido nomeado vice-presidente.
Após a Convenção Republicana e com um penso rápido mais pequeno, Donald Trump retomou a sua campanha para as eleições presidenciais com um comício em Grand Rapids, no Michigan, uma semana depois do ataque em Butler.
Episódio que deu o mote para o discurso de Donald Trump. “Foi há exatamente uma semana”, começou por dizer e continuou a reflexão. “Estou perante vós apenas pela graça de Deus Todo-Poderoso, não devia estar aqui agora.”
O comício contou também com a presença do senador do Ohio J.D. Vance, apresentado por Trump na Convenção como seu vice-presidente, sendo foi o primeiro evento em conjunto com Trump.
Milhares de pessoas em Grand Rapids para Trump e Vance
A segurança foi reforçada na cidade de Grand Rapids, segunda cidade mais populosa do estado de Michigan, onde os milhares de apoiantes foram submetidos a vários controlos antes de entrarem no recinto.
Entre bandeiras e t-shirt de apoio a “Trump/Vance 2024” também se viam muitos dos famosos chapéus com o lema do ex-presidente dos EUA, “Make America Great Again”.
“Custa-me a acreditar que há uma semana um assassino tentou tirar a vida a Donald Trump e agora temos uma multidão incrível no Michigan para o receber de volta à campanha”, disse Vance antes da chegada do candidato às presidenciais.
O Michigan é um dos poucos estados cruciais que se espera que determinem o resultado das eleições presidenciais de novembro. Trump ganhou o estado por pouco mais de 10.000 votos em 2016, mas o democrata Joe Biden voltou a ganhá-lo em 2020, vencendo por uma margem de 154.000 votos e conquistando a presidência.
Trump: “Levei um tiro pela democracia”
Depois de se ter mostrado, incarateristicamente, moderado e emotivo durante a Convenção Republicana, Trump regressou ao seu estilo no comício, provocando os seus rivais democratas, repetindo as suas insinuações sobre as eleições de 2020 e apimentando o seu discurso com piadas que provocaram o riso de uma audiência entusiasta.
Trump rejeitou ainda as tentativas dos democratas de o pintar como uma ameaça à democracia e um extremista, mesmo quando prometeu deportações em massa e ameaçou punir os seus inimigos políticos. “Estão sempre a dizer que é uma ameaça para a democracia, mas eu levei um tiro pela democracia na semana passada”, disse entre aplausos estrondosos.
Trump também falou sobre o tiroteio, imitando a forma como virou a cabeça para olhar para o gráfico das travessias da fronteira sul projetado no ecrã atrás de si em Butler e se esquivou por pouco da bala que o atingiu na orelha. “Devo a minha vida à imigração”, disse Trump, gozando com o ataque e com um dos temas mais quentes da sua campanha.
Trump elogia Xi, Putin e Orbán
O ex-presidente dos EUA tem relações próximas com os presidentes da China, Rússia e Hungria, disso já todos sabem, e serviu-se do apoio de cada um deles para falar novamente do tiroteio.
“O presidente chinês escreveu-me uma carta simpática”, disse Trump, elogiando depois Xi Jinping. “Xi é brilhante, controla 1,4 mil milhões de pessoas com um punho de ferro”.
Ao elogio a Xi Jinping juntou também Vladimir Putin, chamando a ambos homens “inteligentes e duros” que “amam o seu país.”
Também o primeiro-ministro húngaro Victor Orbán não ficou esquecido. “Ele tem razão quando diz que temos de ter alguém que nos proteja”, referindo-se a um post na rede social X, na sexta-feira, em que o primeiro-ministro húngaro reiterou que Trump vai restaurar a paz. “Ele sobreviveu por uma razão: trazer a paz ao mundo mais uma vez”, escreveu Orbán.
A candidatura de Biden ainda é incerta
Apesar dos democratas terem dominado as recentes eleições no Michigan, os republicanos vêem agora uma abertura no Estado, especialmente porque os democratas continuam divididos sobre se Biden deve desistir da corrida.
No sábado, Trump sondou a multidão sobre quem gostaria de ver como seu oponente, com aplausos para Biden e fortes vaias quando Trump perguntou sobre a vice-presidente Kamala Harris.
“Neste momento, os líderes do Partido Democrata estão a tentar freneticamente anular os resultados das primárias do seu próprio partido para tirar o desonesto Joe Biden das urnas”, acusou Trump.
Trump também procurou distanciar-se do Projeto 2025 da Fundação Heritage, um plano político e pessoal para um segundo mandato de Trump, elaborado por vários antigos funcionários da administração. Trump apelidou o projeto, que se tornou a peça central da campanha de Biden, de “severamente de direita” e “seriamente extremo”, tal como a “esquerda radical”. “Não sei nada sobre isso”, insistiu.
Também J.D. Vance, na rede social X, manisfestou-se contra Biden e a indecisão que tem pairado à volta da continuação do presidente dos EUA na corrida às presidenciais, afirmando que o presidente devia despedir-se de imediato.
“Toda a gente que apela a Joe Biden para que pare de concorrer sem também lhe pedir que se demita da presidência está envolvida num nível absurdo de cinismo. Se não se pode candidatar, não se pode servir”, pode ler-se. “Ele deve demitir-se agora”, conclui.