William Ruto admitiu que o projeto de lei causou “insatisfação generalizada” e que optou por ouvir os quenianos. Pelo menos 22 pessoas foram mortas e 300 ficaram feridas nos protestos de terça-feira.
O presidente do Quénia, William Ruto, anunciou que não vai assinar a lei que prevê que sejam aplicados novos impostos aos contribuintes, um dia depois de parte do parlamento nacional ter sido incendiado e de várias pessoas terem sido mortas a tiro em protestos contra as alterações fiscais.
Os protestos de terça-feira contra a aprovação do projeto de lei que previa o aumento dos impostos causou “insatisfação generalizada”, segundo William Ruto, citado pela AP, que acrescentou que decidiu “ouvir as pessoas”.
Os quenianos que participaram nos protestos defenderam que a nova lei iria causar sofrimento económico, numa altura em que milhões de pessoas lutam no país para sobreviver.
Pelo menos 22 pessoas foram mortas, 300 ficaram feridas e 50 foram detidas só na terça-feira, de acordo com um grupo de defesa dos direitos humanos, naquele que é já classificado como o maior ataque ao governo do Quénia em décadas.
No entanto, são esperados mais protestos à medida que os quenianos se unem para além das divisões tribais. “Estamos a lidar com um fenómeno novo e com um grupo de pessoas que não é previsível. Se se tratassem de manifestações normais, eu diria que se dissipariam com o tempo, mas não sabemos se estas pessoas terão medo do exército”, admitiu Herman Manyora, analista e professor na Universidade de Nairobi, citado pela AP.
A nova lei que agora foi retirada significaria um aumento dos impostos e das taxas sobre uma série de artigos e serviços quotidianos. Para além isto, iria permitir que o governo aumentasse as receitas para pagar a dívida do centro económico da África Oriental.
Ruto deslocou-se a Washington, em maio deste ano, para a primeira visita de Estado de um dirigente africano em 16 anos aos EUA. Depois de explodirem os protestos de terça-feira, os Estados Unidos designaram o Quénia como o seu primeiro grande aliado não pertencente à NATO na África Subsariana, um ato simbólico que pretendeu salientar a força da parceria entre as duas nações.
Também na terça-feira, centenas de polícias quenianos foram destacados para liderar uma força multinacional contra gangues no Haiti, uma iniciativa que mereceu o agradecimento do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.