Este ‘silêncio’ resulta das condições políticas internas à própria China – num contexto em que as decisões do governo dificilmente são contestadas ou até mês escrutinadas. Um ganho em termos de tempo e de dores de cabeça políticas que os diversos níveis de controlo dos regimes democráticos introduziram. Não os tendo, a China não perde tempo com as ‘minudências democráticas’ e segue em frente. De nada valem as queixas de concorrência desleal que os Estados Unidos apresentam em diversos fóruns.

Há vários meses que o ocidente detetou que a China está a ‘entesourar’ grandes quantidades de petróleo. Que consegue a excelentes preços, que não estão à disposição de qualquer um. Em primeiro lugar, a China está completamente à vontade para furar todos os bloqueios e sanções (pelo menos quando não impostas pelas Nações Unidas) e comprar aos países que são alvo destas limitações. Estão nesse quadro tanto o Irão como a Rússia – que são alvos de sanções de Washington no primeiro caso e de Washington e Bruxelas no segundo.

O interesse da China pelo petróleo chega agora, segundo análise citada pelos jornais, ao segmento da refinação. Os Estados Unidos têm uma longa lista de centros de refinação mais pequenos que permitem que o país tenha uma capacidade de 18 milhões de barris por dia. Mas o forte crescimento da China está a causar uma mudança cada vez mais evidente no segmento – o que evidencia que o Império do Meio tem um plano para ameaçar o domínio dos Estados Unidos. Ou é pelo menos essa a conclusão de alguns analistas.

Segundo dados de 2023, os Estados Unidos ainda são a ‘maior refinaria do mundo’, tanto em termos de capacidade como de produção de subprodutos. De acordo com o último relatório da Agência Internacional de Energia, o país produzir cerca de 15,5 milhões de barris de produtos refinados em 2023, em comparação com os 15 milhões da China. Em termos de capacidade (o que as refinarias produziriam se estivessem com 100% de aproveitamento), os Estados Unidos podem produzir quase 18 milhões de barris por dia de derivados, em comparação com os 17,3 milhões da China.

“Esperamos que as importações de petróleo bruto da China em 2024 aumentem à medida que o governo aumenta as quotas de importação para refinarias privadas. Em janeiro de 2024, o governo chinês emitiu quotas anuais de importação de petróleo bruto para refinarias privadas pela primeira vez desde que o sistema foi introduzido em 2015. Isso tem sido fundamental, pois permite que as refinarias planeiem produção e trabalhem com maior segurança. No passado, as quotas mudavam de tempos em tempos”, refere um estudo da consultora Fitch.

“Espera-se que a capacidade total de refino da China aumente para 18 milhões de barris por dia (b/d) até 2024, já que vários projetos-chave de refinaria estão programados para entrar em operação”, diz o research.