O Governo chinês está a avaliar se injeta 278 mil milhões de dólares para estabilizar o mercado de ações do país. O objetivo é restaurar a confiança dos investidores na bolsa chinesa.
O plano é retirar dinheiro de contas estrangeiras de empresas estatais chinesas para comprar ações através da bolsa de Hong Kong, revela hoje a “Bloomberg”.
O mercado chinês, incluindo Hong Kong, já perdeu mais de seis mil biliões de dólares desde o pico atingido em 2021. Só este ano, fundos estrangeiros venderam 1,6 mil milhões de dólares em ações chinesas.
O índice CSI 300 Index atingiu mínimos de cinco anos esta semana, com as autoridades chinesas a tentarem travar o ‘selloff’ verificado nos últimos dias, com os pequenos investidores a venderem ações para tentarem obter liquidez num momento de aperto financeiro com os problemas no mercado imobiliário do país.
“Um pacote de resgate pode ser insuficiente para fazer disparar o mercado, mas vai certamente afastar a ideia de que o Governo não quer saber”, disse Vey-Sern Ling da Union Bancaire Privee.
“O pacote é bem-vindo e mostra que as autoridades estão preocupadas. Mas abaixo dos 2% do PIB, consideramos que é inadequado”, comentou Aninda Mitra do BNY Mellon Investment Management, citada pela “Reuters”.
Coincidência ou não, em Portugal, a Fosun, uma empresa privada chinesa, vendeu uma participação de 5% no banco BCP, apanhando os investidores de surpresa. O BCP já esteve a recuar hoje mais de 7% na bolsa de Lisboa. A Fosun vendeu uma participação de quase 6% por 235 milhões, passando a deter 20% do capital do BCP (há mais de um ano detinha quase 30%).
Além da privada Fosun, as empresas estatais chinesas contam com participações relevantes em várias cotadas nacionais, incluindo a EDP (China Three Gorges com 21%), REN (China State Grid, 25%) ou Mota-Engil (China Communications Construction com 32%).
Desde outubro que este fundo está a ser contemplado, mas existe a dúvida que venha a resultar, dado que resgates anteriores nem sempre funcionaram.
A crise imobiliária, a falta de confiança dos consumidores, o investimento estrangeiro em queda e a perda de confiança entre os empresários após anos de intensa gestão estatal sobre o país estão a ter agora os seus efeitos negativos na economia e mercado.
A “Bloomberg” revela que as autoridades estão a analisar outras opções e podem anunciá-las esta semana se forem aprovadas.