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Trabalhadores em angola dizem estarem preparados para terceira fase da greve

Segunda fase da greve geral chega ao fim esta terça-feira, em Angola. Centrais sindicais fazem balanço positivo da segunda fase e já pensam na terceira. “Falta sensibilidade da parte do Executivo”, diz sindicalista.
DW

Os trabalhadores angolanos cumprem, desde 22 de Abril, a segunda fase da greve geral convocada pela Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), a União Nacional dos Trabalhadores Angolanos – Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Força Sindical – Central Sindical (FS-CS), que termina esta terça-feira (30.04).

Flávio Carvalho, secretário provincial da CGSILA no Cuando Cubango, faz uma avaliação positiva da greve na província, apesar de alguns transtornos.

“Podemos dizer que estamos a 98% de adesão à greve, porque tivemos dificuldades e vários imbróglios com o município do Cuito Cuanavale, em que os responsáveis governamentais acharam por bem coagir trabalhadores a não aderirem à greve”, denuncia.

O responsável sindical enalteceu o empenho dos trabalhadores na adesão à greve, o que entende ser uma prova do interesse e vontade de todos na resolução dos problemas que os afligem.

“Falta sensibilidade do Executivo”

Saúde e educação foram os setores melhor representados na greve geral, segundo Flávio Carvalho.

Flávio Carvalho, secretário provincial da CGSILA no Cuando Cubango
Flávio Carvalho acusa responsáveis governamentais no município do Cuito Cuanavale de coagir trabalhadores a não aderirem à greve

O secretário provincial da CGSILA garante que os trabalhadores no Cuando Cubango estão disponíveis e preparados para aderirem à terceira fase da greve geral, caso o Executivo não responda de forma satisfatória ao caderno reivindicativo.

“Os trabalhadores estão à espera de uma resposta do Executivo, e as centrais sindicais também esperam isso. Nós estamos abertos a negociações desde o topo, o que falta é a sensibilidade da parte do Executivo”.

Cidadãos lamentam efeitos negativos da greve

No entanto, a greve teve um impacto negativo na vida dos cidadãos na província, como salienta o jovem Fernando Massozi. “Qualquer paralisação de uma atividade contribui negativamente em termos de crescimento económico e os efeitos são visíveis”, lamenta.

Entre vários pontos, as centrais sindicais exigem um aumento salarial de 250% e o desagravamento de impostos.

Fernando Massozi deixa um apelo ao Governo de João Lourenço: “Que coopere com os sindicalistas de forma a encontrar uma concordância entre as partes, para que nenhum lado se sinta prejudicado”.

“1 de Maio” sem motivos para celebrar

Questionado sobre a remuneração suplementar de 33 euros (30 mil kwanzas) determinada pelo Presidente João Lourenço, que deverá vigorar a partir de 1 de junho para os funcionários públicos e agentes administrativos, Flávio Carvalho encara isso apenas como um bónus.

Angola - Kwanza
Presidente João Lourenço aprovou um aumento salarial para a Função Pública na ordem dos 30 mil kwanzas (33 euros) a partir de 1 de junho

“Nós temos um caderno reivindicativo e estamos a basear-nos apenas nesse caderno reivindicativo”, insiste o sindicalista.

Quanto ao Dia dos Trabalhadores, assinalado esta quarta-feira, 1 de maio, Carvalho não vê motivos para comemorar.

“Porque estamos num período de greve e fica mal nós, que imploramos por melhores condições para os trabalhadores, estarmos a comemorar. Não estamos a ser atendidos. Como vai ser? Simplesmente, o trabalhador vai se manter em casa, quem puder colocar uma bandeira preta em casa, pode colocar. Será assim passada a data”.

A terceira fase da greve geral está prevista para entre 3 e 14 de junho.