Berlim – A Alemanha está prestes a passar por uma mudança política significativa, com a convocação de eleições antecipadas, após o chanceler Olaf Scholz perder a moção de confiança no parlamento. O resultado da votação, realizada na última segunda-feira, mostrou a derrota do governo de Scholz, que atualmente lidera uma coalizão minoritária.
A moção foi rejeitada com 394 votos contra, 207 a favor e 116 abstenções, criando as condições para a realização de eleições legislativas em 23 de fevereiro de 2024. Agora, cabe ao presidente Frank-Walter Steinmeier decidir sobre a dissolução do Bundestag, um passo que parece estar encaminhado, após o presidente já ter indicado, em discurso de novembro, que o parlamento seria dissolvido.
A moção de confiança foi pedida por Scholz, que enfrentava dificuldades após o colapso de sua coalizão, a “coligação semáforo”, em novembro de 2023. Na época, o ministro das Finanças e líder do FDP, Christian Lindner, abandonou o governo, deixando o Partido Social Democrata (SPD) de Scholz e os Verdes sem uma maioria estável no parlamento.
Durante o discurso que antecedeu a votação, Scholz apelou à confiança do parlamento e do povo alemão, argumentando que as eleições determinarão se o país será capaz de investir no seu futuro e superar a crise económica. O chanceler prometeu modernizar as regras de endividamento do país, aumentar o salário mínimo e reduzir o IVA sobre produtos alimentares.
Contudo, o discurso de Scholz foi amplamente contestado pela oposição. Friedrich Merz, líder do partido de centro-direita CDU, afirmou que o governo de Scholz deixou a Alemanha em uma das piores crises económicas da história pós-guerra, criticando a falta de medidas para melhorar a competitividade da economia. Alice Weidel, da extrema-direita AfD, também atacou a gestão do governo, acusando-o de falhar na política de migração e tornando a Alemanha vulnerável a um possível ataque nuclear devido ao apoio à Ucrânia.
A situação política da Alemanha reflete um cenário de incerteza para as eleições de 2024. As sondagens apontam para uma possível vitória do CDU de Merz, que lidera a oposição, com o SPD de Scholz ainda atrás nas intenções de voto. Embora o vice-chanceler Robert Habeck, dos Verdes, também tenha manifestado interesse em concorrer ao cargo de chanceler, seu partido enfrenta desafios para obter apoio suficiente.
Além disso, a extrema-direita, representada pela AfD, está ganhando força nas sondagens e nomeou Alice Weidel como sua candidata a chanceler. No entanto, a AfD não deve ter chances reais de assumir o poder, já que os outros partidos se recusam a formar uma coalizão com ela.
Com o sistema eleitoral alemão favorecendo coligações, as eleições devem resultar em semanas de negociações para a formação de um novo governo, o que poderá levar a um período de instabilidade até que se estabeleça uma liderança capaz de governar a maior economia da União Europeia.