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Reflexão sobre a Independência de Angola: Oposição e a luta pela democracia e liberdade

Luanda – Com a aproximação do 50º aniversário da independência de Angola, o debate sobre o legado do país pós-colonial e suas profundas dificuldades voltou à tona. Um dos líderes políticos mais enfáticos nesse sentido, Filomeno Vieira Lopes, presidente do Bloco Democrático (BD), deixou claro que sua organização não participará das celebrações sem uma análise crítica do percurso que o país tem trilhado desde sua independência.

Lopes argumenta que a comemoração dos 50 anos não pode ocorrer sem uma reflexão profunda sobre as oportunidades perdidas e as liberdades negadas ao longo das últimas décadas. Ele aponta que o regime angolano falhou em garantir os direitos fundamentais aos cidadãos, promovendo, em vez disso, uma repressão brutal das divergências e uma guerra civil desumana que causou prejuízos irreparáveis à nação.

Em resposta ao recente discurso do Presidente da República sobre o estado da nação, o líder do BD sublinhou que, embora a independência deva ser celebrada, não pode ser usada para reforçar uma narrativa de poder hegemônico. Para ele, esse marco histórico precisa ser uma jornada de conscientização e reflexão coletiva, onde os heróis da nação sejam avaliados de acordo com os princípios éticos, livres de mitificação e cultos à personalidade.

Esse olhar crítico para o passado é visto como essencial para garantir que as futuras gerações não perpetuem os erros históricos que ainda moldam a vida política e social de Angola. Lopes insiste que é preciso colocar os responsáveis diante de suas ações e evitar que a simbologia do poder continue oprimindo e colonizando a mentalidade coletiva do povo.

Outro ponto central na fala de Filomeno Vieira Lopes é a condição de vida das populações angolanas. Segundo ele, a maioria das famílias de classes média e baixa enfrenta sérias dificuldades em acessar cuidados médicos, já que os elevados custos tornam exames e medicamentos inacessíveis. O líder também criticou as unidades públicas de saúde, descrevendo-as como “conchas vazias”, incapazes de fornecer os serviços que deveriam ser garantidos pelo estado.

Além disso, Lopes destacou a persistente falha no registro civil, com mais da metade da população ainda sem acesso ao Bilhete de Identidade, um documento essencial para o exercício pleno da cidadania.

No campo da justiça, o presidente do BD criticou a recente reforma que, segundo ele, distanciou ainda mais o sistema judicial dos cidadãos. A criação de tribunais de relação e de comarca, ao invés de tornar a justiça mais acessível, teria aumentado as desigualdades e dificultado o acesso aos serviços judiciais.

Quanto à economia, Lopes apontou a falta de avanço na diversificação. Apesar de várias promessas, a economia do país continua fortemente dependente do petróleo, sem sinais claros de uma mudança sustentável nesse cenário.

Por fim, o líder do BD abordou o tema da corrupção, criticando duramente a abordagem adotada pelo governo. Ele mencionou que o presidente João Lourenço ainda não esclareceu sua posição em relação aos benefícios que teria obtido durante o período de corrupção do regime. Além disso, questionou a efetividade da primeira fase do combate à corrupção, afirmando que o balanço é fraco e que a corrupção no país continua a crescer.

Lopes concluiu sua análise de forma contundente, afirmando que, embora todos desejem ver Angola se transformar em um país melhor, isso não será possível enquanto a ditadura persistir, a democracia local for negada e as prioridades do governo forem equivocadas. Em suas palavras, “é evidente que o rei está nu”, sugerindo que o governo atual está cego para suas próprias falhas e para o impacto negativo que tem sobre o país.

Uma reflexão crítica sobre os desafios que Angola enfrenta após 50 anos de independência, ecoando as preocupações expressas por líderes da oposição como Filomeno Vieira Lopes. Enquanto a celebração da independência é importante, é crucial que haja uma discussão honesta sobre as questões que ainda impedem o progresso democrático e social do país.