Cunene – As recentes eleições para o cargo de Secretário Provincial da JMPLA no Cunene marcaram uma derrota significativa para Crispiniano Vivaldino Evaristo dos Santos, atual líder nacional da organização juvenil. O resultado das urnas na IX Assembleia Provincial Ordinária de Balanço e Renovação de Mandatos, realizada no dia 13 de outubro, mostrou que a tentativa de Crispiniano em impor seu candidato, Mário Castelo Branco, falhou, sendo este derrotado por Tyikalepo Naikete, que obteve 289 votos contra os 37 de Mário.
Crispiniano, natural do Cunene e antigo primeiro secretário da JMPLA na província, fez de tudo para garantir a vitória de Mário Castelo Branco, que além de seu cunhado, estava finalizando um mestrado em Portugal. Para isso, foram criadas condições para que Mário pudesse retornar ao Cunene e participar das eleições. No entanto, essa manobra não foi suficiente para vencer a preferência dos delegados, que optaram por Tyikalepo Naikete, ex-secretário municipal da Cahama.
Além da tentativa frustrada de controlar o processo eleitoral no Cunene, Crispiniano tem sido alvo de críticas por suas ações à frente da JMPLA. Ele é acusado de tentar manter influência na organização mesmo após o término de seu mandato como secretário nacional. Uma das estratégias adotadas seria a imposição de Justino Capapinha como seu sucessor. Esse candidato, apoiado diretamente por Crispiniano, concorre com outros dois nomes, Adilson Amado Marmane Hach e Luty Hermenegildo Macuntina Afonso, para liderar a organização.
As ações de Crispiniano são vistas como violações à diretiva 07/CN/2024, que estabelece normas de imparcialidade e ética no processo eleitoral. De acordo com relatos, ele teria pressionado secretários provinciais e membros da diáspora a apoiar a candidatura de Capapinha. Tal comportamento tem gerado preocupações dentro da organização e sido alvo de críticas por parte de outros membros.
As motivações de Crispiniano para apoiar Justino Capapinha vão além do simples desejo de controle. Ao garantir a vitória de seu candidato, ele assegura sua continuidade política, com a possibilidade de voltar a integrar a lista de candidatos a deputado pela JMPLA após 2027. Além disso, manter Capapinha no poder também protegeria seus interesses financeiros, uma vez que seu aliado Pinto Matamba estaria envolvido no apoio financeiro à campanha de Capapinha.
Outro ponto estratégico de Crispiniano foi propor mudanças nos estatutos da JMPLA, elevando o limite de idade para a liderança da organização de 30 para 35 anos. Essa alteração garantiria sua elegibilidade futura para novos cargos e o manteria influente dentro da estrutura política.
Apesar das tentativas de manipulação, Crispiniano enfrenta forte oposição. Adilson Amado Marmane Hach, candidato oriundo da província do Namibe, tem conseguido apoio significativo de influentes quadros da JMPLA, como Tito Cambanji e Wankana de Oliveira. Esses apoios foram expressos publicamente e podem representar um grande obstáculo para os planos de Crispiniano e seu candidato, Justino Capapinha. Enquanto isso, o terceiro candidato, Luty Hermenegildo Macuntina Afonso, parece estar distante da disputa principal, sem realizar uma campanha ativa.
A derrota de Crispiniano no Cunene e as controvérsias em torno de sua tentativa de influenciar o processo eleitoral dentro da JMPLA levantam questões sobre sua liderança e o futuro da organização. Embora ele tenha buscado impor sua influência e garantir a continuidade de seu poder, a realidade nas urnas mostrou que os delegados estão mais alinhados com opções locais e alternativas, sinalizando uma possível mudança na liderança da JMPLA nos próximos meses.