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Scholastique Mukasonga e a memória do genocídio no Ruanda “um testemunho para dar nome aos mortos”

Lisboa – No livro “Inyenzi ou as Baratas”, a escritora Scholastique Mukasonga revisita uma das feridas mais profundas da história recente: o genocídio de Ruanda. Com uma narrativa marcada pela memória e pela dor, Mukasonga explora as marcas deixadas pelo extermínio da sua comunidade tutsi, 30 anos após os trágicos eventos de 1994.

Um dos sobreviventes do genocídio, citado no livro, resume o horror vivido com uma frase forte e impactante: “Houve, é claro, sobreviventes. Nenhum genocídio é perfeito”. Essas palavras refletem a brutalidade que marcou a história do país e ressaltam a importância dos que sobreviveram para contar e preservar essa memória.

Este livro não trata de perdão, mas da necessidade urgente de manter viva a memória dos que foram assassinados. Mukasonga retorna à sua infância e ao exílio da sua família em Nyamata, um lugar que marcou sua vida e onde os tutsis foram forçados a se refugiar na década de 1950, muito antes do genocídio de 1994.

O relato da autora parte do início deste milénio, quando, vivendo em França, Mukasonga se encontra revisitando constantemente os nomes dos seus mortos. Ela sente a urgência de garantir que esses nomes e histórias não sejam esquecidos. Seu livro é um testemunho de dignidade, uma tentativa de assegurar que o trauma coletivo do genocídio continue a ser lembrado e, mais importante, que os mortos não sejam apenas números em uma estatística sombria, mas seres humanos com nomes, histórias e memórias que merecem ser preservadas.

O mergulho nas memórias de Mukasonga não é apenas pessoal, mas também uma forma de dar voz a um povo que foi silenciado. A autora não busca o perdão, mas sim a justiça da lembrança. Ao narrar sua infância, seu exílio e a perda dos seus entes queridos, Mukasonga constrói um retrato profundo da dor de um povo que viu suas vidas destruídas pela violência e pelo ódio étnico.

“Inyenzi ou as Baratas” é uma obra que transcende o sofrimento individual, transformando-se em um legado para todos os que, como a escritora, sentem a necessidade de dar nome aos mortos e garantir que nunca sejam esquecidos.