Teerão – A capital iraniana foi sacudida por fortes explosões nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira, atribuídas a uma nova vaga de ataques aéreos conduzidos por Israel. As ofensivas surgem em resposta à intensificação dos confrontos entre os dois países e numa altura em que a diplomacia internacional tenta evitar uma escalada ainda maior no Médio Oriente.
Os ataques, que começaram por volta das 5h (hora local), não foram reconhecidos oficialmente pelas autoridades iranianas. Contudo, testemunhas relataram explosões de grande magnitude e atividades defensivas, como o disparo de sistemas antiaéreos em diversas zonas de Teerão. Fontes israelitas indicam que os bombardeamentos visaram 12 alvos estratégicos, incluindo locais de lançamento de mísseis e armazéns militares.
Os bombardeamentos ocorreram menos de 24 horas depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter apelado à saída imediata dos residentes de Teerão e exigido a rendição incondicional do Irão. Trump afirmou que Washington não está interessado num cessar-fogo, mas sim numa solução “mais definitiva”, insinuando que só aceitará o fim total das hostilidades por parte do regime iraniano.
Num discurso recente, o comandante das forças armadas iranianas, general Abdul Rahim Mousavi, prometeu represálias, classificando as ações de Teerão até ao momento como “avisos”. Afirmou que uma “operação punitiva” contra Israel está iminente.
Entre os episódios mais tensos, destaca-se a alegada morte do general iraniano Ali Shadmani, recém-nomeado comandante militar, que teria sido abatido num ataque aéreo israelita em Teerão. A sua nomeação foi feita após a morte do general Gholam Ali Rashid, também morto em bombardeamentos anteriores.
As explosões em Teerão provocaram um clima de medo e instabilidade. Diversos estabelecimentos comerciais, incluindo o histórico Grande Bazar, encerraram as portas. As estradas de saída da cidade ficaram congestionadas, especialmente em direção ao Mar Cáspio, um destino popular entre as elites iranianas em momentos de crise. Longas filas formaram-se também nos postos de combustível, num claro sinal de alarme generalizado.
Com cerca de 10 milhões de habitantes, Teerão representa um dos maiores centros urbanos do Médio Oriente, equivalente à população total de Israel, o que agrava o impacto humano e estratégico de qualquer ação militar nesta zona.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) confirmou que os bombardeamentos israelitas provocaram danos significativos nas instalações nucleares subterrâneas de Natanz, centro do controverso programa de enriquecimento de urânio do Irão. Segundo imagens de satélite, além da destruição de estruturas à superfície, há indicações de impacto direto em zonas subterrâneas críticas onde operam milhares de centrifugadoras.
Israel já atacou Natanz em ocasiões anteriores, mas ainda não conseguiu atingir as instalações ultra-profundas de Fordo, protegidas por uma montanha. Analistas indicam que só com a intervenção direta dos EUA, usando bombardeiros B-2 equipados com munições penetradoras de grande escala, seria possível neutralizar esse complexo.
Apesar dos danos, o Irão insiste que o seu programa nuclear tem fins pacíficos. No entanto, a AIEA alerta que o país detém material suficiente para construir múltiplas ogivas, caso decida avançar nesse sentido.
Apesar da retórica agressiva, Trump declarou que a via diplomática não está totalmente descartada. Mencionou a possibilidade de enviar o vice-presidente JD Vance e o enviado especial Steve Witkoff ao Irão, caso surja abertura para negociações. No entanto, também deixou claro que a “paciência dos EUA está a esgotar-se”.
Enquanto isso, os confrontos diretos continuam. O exército israelita informou que interceptou a maioria dos mísseis disparados do Irão durante a madrugada. Sirenes soaram em várias cidades israelitas, incluindo Dimona, onde se encontra o centro do programa nuclear de Israel, cuja existência nunca foi oficialmente reconhecida.
A comunidade internacional acompanha com apreensão o conflito, temendo que o prolongamento das hostilidades possa desestabilizar ainda mais a região e desencadear uma guerra de proporções inéditas no Médio Oriente.