A economia angolana enfrenta um revés significativo este ano, segundo a mais recente análise da consultora britânica Oxford Economics. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025 foi reduzida de 2,9% para apenas 1,6%, refletindo as dificuldades no setor petrolífero — principal motor da economia do país.
A principal razão para essa revisão é a queda acentuada na produção de petróleo bruto, que deve registar uma redução de 6,6% ao longo do ano. Isso significa que Angola produzirá, em média, 1,09 milhões de barris por dia em 2025, abaixo dos 1,18 milhões registrados no ano anterior. Os analistas esperam uma leve recuperação para 1,13 milhões de barris diários apenas em 2026, dependendo do arranque de novos projetos liderados pela TotalEnergies.
A Oxford Economics destaca o peso do setor petrolífero na economia angolana: ele representa 25% do PIB nacional, responde por mais de metade das receitas do governo e é responsável por quase 90% das exportações. Diante dessa dependência, qualquer retração na produção tem um impacto direto e imediato no desempenho económico do país.
Além da baixa na produção, o mercado internacional também tem influenciado negativamente. O preço do barril de petróleo caiu de 75 dólares em fevereiro para cerca de 65 dólares em meados de maio, agravando ainda mais as expectativas de receita com exportações.
Segundo dados da Agência Internacional da Energia, Angola produziu 1,06 milhões de barris por dia em abril, uma leve queda em relação a março, quando a produção foi de 1,07 milhões. Este é o nível mais baixo desde junho de 2023. A não execução de projetos previstos da TotalEnergies, como o CLOV3, também contribuiu para o cenário atual.
Apesar das adversidades, o relatório da Oxford Economics vê sinais promissores no horizonte. Estão previstos investimentos robustos — estimados em até 60 mil milhões de dólares — nos próximos cinco anos. Além disso, novos empreendimentos da Eni e da Azule Energy devem entrar em operação até 2026, podendo impulsionar a produção e ajudar na recuperação do setor energético.
O panorama econômico angolano, portanto, passa por um momento de ajuste. A curto prazo, os desafios são claros e exigem atenção redobrada do governo e dos investidores. No médio prazo, no entanto, os novos investimentos e projetos em desenvolvimento podem devolver o país a uma trajetória de crescimento mais estável e sustentável.