As relações comerciais entre a China e os Estados Unidos voltam a aquecer. Apenas uma semana após a assinatura de um acordo provisório de 90 dias em Genebra, o clima de cooperação parece ameaçado por novas divergências — desta vez em torno da gigante tecnológica Huawei.
No dia 14 de maio, o Departamento do Comércio dos EUA emitiu um parecer que voltou a colocar a Huawei no centro das atenções. A administração norte-americana advertiu empresas em todo o mundo que a utilização de semicondutores fabricados pela empresa chinesa poderá violar os controlos de exportação dos Estados Unidos — uma ação que pode levar à aplicação de coimas.
A mensagem foi clara: optar por tecnologia da Huawei poderá representar um risco jurídico para as empresas envolvidas, num movimento interpretado por Pequim como mais uma escalada na guerra tecnológica e comercial.
Em resposta, o Ministério do Comércio da China acusou diretamente os EUA de minar os compromissos estabelecidos no recente acordo comercial. Para as autoridades chinesas, estas ações violam o espírito do entendimento alcançado e ameaçam a já frágil estabilidade das relações bilaterais.
Um porta-voz do governo chinês apelou à correção imediata do que classificou como “erros de estratégia” e reforçou a necessidade de manter o diálogo aberto. Segundo ele, tanto Pequim quanto Washington devem respeitar os compromissos firmados e evitar atitudes unilaterais que só contribuem para o agravamento das tensões.
China promete reação se EUA avançarem com sanções
O recado de Pequim foi direto: se a administração norte-americana continuar a avançar com medidas consideradas discriminatórias, a China promete adotar contramedidas. O governo chinês alertou que, caso os EUA insistam em “seguir o seu próprio caminho”, Pequim não ficará de braços cruzados.
Essa troca de acusações reabre um capítulo conturbado nas relações comerciais entre os dois países e reforça a complexidade da disputa tecnológica em curso — que vai muito além das tarifas ou dos acordos comerciais formais, tocando diretamente nas cadeias globais de produção e na segurança digital.
O episódio demonstra como as tensões entre Estados Unidos e China permanecem latentes, mesmo diante de acordos temporários. Com a tecnologia no centro da disputa, os próximos passos de ambos os lados serão cruciais para definir se o atual impasse evoluirá para uma nova rodada de negociações ou para um agravamento das sanções.