Neste inverno, a China tem enfrentado um pico no número de casos do metapneumovírus humano (HMPV), especialmente entre crianças. Juntamente com surtos de gripe A e Covid-19, esse aumento tem deixado os hospitais sobrelotados, gerando preocupação tanto entre os profissionais de saúde quanto entre a população. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de manter a calma, destacando que este vírus é conhecido há décadas, embora tenha sido identificado apenas há 20 anos.
O virologista Paulo Paixão, em entrevista à SIC Notícias, abordou o surto de HMPV, tranquilizando a sociedade quanto à gravidade da situação. Segundo ele, o alarde em torno do HMPV tem mais a ver com o fato de ser um vírus originário da China e com o trauma ainda presente devido à pandemia de Covid-19. Paixão explica que, embora o aumento de casos seja notável, o HMPV não é um vírus novo e já circula entre nós há milhares de anos.
O metapneumovírus humano é uma infecção respiratória comum, geralmente associada a sintomas semelhantes aos de resfriados ou gripes. O virologista esclarece que o HMPV faz parte do grupo das “infecções respiratórias banais” e é bastante semelhante ao vírus sincicial respiratório (VSR), embora menos frequente. A diferença mais importante, no entanto, está no fato de que o HMPV é um vírus mais estável, do ponto de vista genético, e muito distinto do SARS-CoV-2, o causador da Covid-19.
Paulo Paixão ainda destacou que, apesar do aumento de casos entre crianças, o HMPV não representa um risco significativo, já que ele tende a causar infecções respiratórias leves, especialmente em indivíduos saudáveis. Os sintomas incluem tosse, coriza, febre e dificuldade respiratória, semelhantes aos observados em outras infecções virais comuns. Porém, em algumas situações, pode causar complicações em crianças com condições pré-existentes ou sistemas imunológicos comprometidos.
O que tem gerado o maior alarme social, de acordo com Paixão, é o fato de o vírus ter surgido na China, um país que recentemente esteve no centro da pandemia de Covid-19. A preocupação em torno do HMPV é amplificada pela memória coletiva da pandemia global e pelo medo de novos surtos de doenças respiratórias. No entanto, Paixão reforça que, do ponto de vista epidemiológico, não há razão para pânico, pois o HMPV é muito menos preocupante do que outras infecções respiratórias mais conhecidas, como a gripe ou a Covid-19.
Em resumo, o surto de HMPV na China não deve ser motivo para um alarmismo excessivo, embora as autoridades de saúde devam continuar monitorando a situação, especialmente em relação à saúde das crianças mais vulneráveis. O HMPV é apenas mais uma infecção respiratória que, embora aumente a carga sobre os hospitais, não é algo completamente fora do comum. A população deve ficar atenta aos sintomas, mas sem cair no pânico, especialmente sabendo que esse vírus tem convivido com os seres humanos por séculos.