O Governo do Reino Unido anunciou novas sanções contra a empresária angolana Isabel dos Santos, destacando a proibição de sua entrada no país e o congelamento de seus bens. A medida faz parte de um esforço mais amplo do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido para combater a corrupção e o financiamento ilícito, de acordo com um comunicado oficial.
Lusa
Além de Isabel dos Santos, também estão sendo alvo de investigações a sua sócia e amiga Paula Oliveira, assim como o ex-diretor financeiro da Sonangol, Sarju Raikundalia. Essas avaliações são vistas como um passo inicial de uma estratégia para identificar e punir indivíduos envolvidos em práticas de corrupção e desvio de recursos públicos. O Reino Unido está ampliando sua atuação contra figuras como Dmitry Firtash, oligarca ucraniano envolvido em esquemas de corrupção, e Aivars Lembergs, um político letão acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.
De acordo com o Governo britânico, Isabel dos Santos, filha do ex-presidente de Angola, teria utilizado sua influência em empresas estatais para desviar cerca de 350 milhões de libras (aproximadamente 420 milhões de euros). Esses recursos teriam sido retirados de Angola, prejudicando o país e impedindo seu desenvolvimento. Isabel dos Santos é, desde novembro de 2022, alvo de um alerta vermelho da Interpol, e recentemente perdeu um processo relativo ao congelamento de seus ativos em tribunal.
A empresária angolana reagiu às sanções, alegando que a decisão é “incorreta e injustificada”. Em um comunicado, afirmou não ter se apropriado indevidamente de fundos da Sonangol ou da Unitel e afirmou que nenhum tribunal a considerou culpada de corrupção ou suborno. Ela ainda classificou as sanções como parte de uma “perseguição politicamente motivada” por parte do governo de Angola contra ela e sua família, e declarou que recorrerá da decisão.
As sanções também atingem outros indivíduos ligados a esquemas de corrupção. Dmitry Firtash, descrito como um oligarca ucraniano, teria extraído milhões de libras da Ucrânia através de práticas corruptas e utilizado o mercado imobiliário do Reino Unido para esconder ganhos ilícitos. Sua esposa, Lada Firtash, e o intermediário financeiro Denis Gorbunenko também foram sancionados.
Aivars Lembergs, um dos homens mais ricos da Letônia, é acusado de usar sua posição política para cometer subornos e lavar dinheiro. Lembergs já foi condenado em 2021 por extorsão, falsificação de documentos e lavagem de capitais, e sua filha, Liga Lemberg, também foi sancionada por envolver-se nos esquemas de corrupção.
As ações do Reino Unido representam uma mudança significativa em sua abordagem contra a corrupção internacional. O governo britânico enfatizou que a luta contra a corrupção e o financiamento ilícito é crucial para proteger o público britânico de crimes organizados. David Lammy, ministro dos Negócios Estrangeiros, destacou que o Reino Unido está comprometido em enfrentar “os cleptocratas e o dinheiro sujo que lhes dá poder”, alertando que “a era dourada do branqueamento de capitais terminou”.
Essas ações complementam o trabalho do Centro Internacional de Coordenação Anticorrupção (IACCC), uma unidade que colabora com agências internacionais para investigar e combater a corrupção e o desvio de ativos. Até agora, a IACCC ajudou a identificar mais de 1,45 bilhões de libras em ativos ocultos e a congelar centenas de milhões de libras, além de colaborar em investigações em 42 países, incluindo Angola.
Com essas medidas, o Reino Unido reforça seu compromisso em tornar-se um ambiente hostil para práticas de corrupção e desvio de recursos ilícitos, enviando uma mensagem clara a indivíduos e grupos envolvidos em crimes financeiros internacionais.