A União Europeia (UE) decidiu, nesta segunda-feira (17), não suspender o diálogo político com Israel, apesar das tensões crescentes relacionadas à guerra em Gaza. A proposta, apresentada por Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, foi rejeitada devido à falta de unanimidade entre os Estados-membros, uma exigência para aprovação de medidas dessa natureza.
Borrell defendeu a suspensão do diálogo político com Israel citando violações de direitos humanos e do direito internacional em Gaza. No entanto, o consenso entre os 27 países que compõem o bloco não foi alcançado. Constantinos Kombos, ministro dos Negócios Estrangeiros de Chipre, argumentou que este não era o momento apropriado para discutir a questão, pois já era previsível que a proposta não seria aprovada.
“Se sabemos de antemão que algo assim não terá um resultado positivo, precisamos considerar o impacto disso sobre outros atores importantes”, destacou Kombos, enfatizando que a medida poderia reforçar a percepção de divisão dentro da UE.
Para analistas, a iniciativa de Borrell foi, em parte, um esforço para marcar seu mandato antes do término de suas funções como Alto Representante da União Europeia para a Política Externa. Maria Luisa Frantappie, diretora do Programa Mediterrâneo, Médio Oriente e África do Instituto de Assuntos Internacionais de Roma, observou que o gesto reflete frustrações acumuladas devido à incapacidade da UE de adotar uma posição clara em relação ao conflito Israel-Gaza.
“Esta é uma tentativa de deixar um legado positivo em um momento em que as divisões dentro da Europa se tornaram ainda mais evidentes”, afirmou Frantappie.
Após o fracasso da proposta, Borrell lamentou a falta de unidade entre os Estados-membros e ressaltou a necessidade de coesão em questões de política externa. Em publicação na rede social X (antigo Twitter), ele destacou: “A UE precisa de estar mais unida se quiser falar a linguagem do poder.”
Com a mudança iminente na liderança da Comissão Europeia e os possíveis desdobramentos na política externa dos Estados Unidos, a postura da UE em relação ao conflito Israel-Gaza pode sofrer novos ajustes. Ministros presentes na reunião reconheceram que o futuro das relações internacionais da União dependerá, em parte, da nova administração americana.
Enquanto isso, a UE segue navegando em águas turbulentas, buscando equilibrar suas diferenças internas e projetar uma postura coesa em um cenário global cada vez mais complexo.