Luanda – O Ministério da Saúde de Angola anunciou, nesta quinta-feira, a formação de uma Comissão de Inquérito Multidisciplinar para apurar as circunstâncias que levaram à morte de Daniela Isabel Rodrigues Zeferino, uma jovem de 30 anos, e sua recém-nascida. A tragédia aconteceu na noite de quarta-feira, 13 de novembro, na Clínica Santa Marta, em Luanda, e levantou sérias acusações de negligência médica.
Segundo relatos da família, Daniela, grávida de 40 semanas, deu entrada na clínica por volta das 11h da manhã para a realização de uma cesariana. No entanto, o atendimento foi realizado exclusivamente por enfermeiros, já que o médico responsável, identificado como Simão, não estava na unidade e apenas orientava a equipe por telefone.
Ao longo do dia, o estado de saúde da paciente agravou-se devido a erros cometidos pela equipe, que não contava com supervisão médica. Quando o médico finalmente chegou à clínica, por volta das 23h, Daniela já havia falecido. Mesmo assim, a equipe optou por transferir o corpo para o Hospital Lucrécia Paim, onde a família foi informada de que ela já estava sem vida.
Diante das graves denúncias, o Ministério expressou pesar pela perda de mãe e filha, enviando condolências à família. Em resposta ao ocorrido, foi criada uma comissão composta por especialistas em saúde pública, medicina legal e ética médica para investigar as responsabilidades e apurar possíveis falhas no atendimento.
A iniciativa visa não apenas esclarecer os fatos, mas também responsabilizar os envolvidos de forma ética, administrativa e, se necessário, criminal. O Ministério destacou ainda a colaboração com autoridades policiais e outras instituições competentes para garantir justiça.
O caso trouxe à tona preocupações sobre a qualidade do atendimento nas clínicas privadas em Angola. A ausência de infraestrutura adequada e de equipes médicas completas evidencia a necessidade urgente de reformas no sistema de saúde. A humanização e a segurança no atendimento, ressaltou o Ministério, devem ser prioridades fundamentais para preservar a vida, um direito constitucional inalienável.
A criação da Comissão de Inquérito é um passo essencial para promover maior transparência e evitar que casos de negligência médica fiquem impunes. Essa ação também reforça a importância de responsabilizar profissionais e instituições pela qualidade do atendimento prestado. A tragédia que vitimou Daniela e sua bebê é um alerta para que a saúde seja tratada com o rigor e a seriedade que merece, em benefício de toda a população angolana.