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Cimeiras da SADC: “Encontros de compadres” ou solução para crises?

A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) realizou mais uma cimeira extraordinária, desta vez em Harare, Zimbábue, com foco na crise política em Moçambique. Apesar da gravidade da situação, que já resultou em mortes e feridos devido à tensão pós-eleitoral, muitos observadores questionam a eficácia do organismo regional em resolver problemas dessa natureza.

Os protestos em Moçambique tiveram início após as eleições presidenciais de 9 de outubro, marcadas por acusações de irregularidades. A disputa eleitoral foi liderada pelo candidato Venâncio Mondlane, que não aceitou os resultados. Nos dias 13, 14 e 15 de novembro, manifestações contra o desfecho das eleições culminaram em 22 mortes, dezenas de feridos e mais de 80 detenções.

Além disso, panelaços noturnos surgiram como uma forma de protesto, ecoando em várias cidades moçambicanas e refletindo o descontentamento da população com o atual cenário político.

As tensões chamaram atenção internacional. O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou às autoridades moçambicanas por contenção e respeito à liberdade de expressão. A União Europeia também exigiu que o Conselho Constitucional de Moçambique mantivesse a transparência no processo eleitoral.

A cimeira de Harare foi alvo de críticas. A política ativista Quitéria Guirengane afirmou que a SADC muitas vezes age como “um encontro de compadres”, sugerindo que o organismo tem sido incapaz de adotar uma postura firme em crises regionais. Ela defendeu que a SADC deveria seguir o exemplo de países como o Botswana, ao não aceitar resultados eleitorais comprometidos.

Piers Pigou, analista do Instituto de Estudos de Segurança (ISS), também expressou ceticismo. Ele observou que líderes de alguns países membros da SADC já felicitaram o partido FRELIMO e seu candidato presidencial, mesmo diante das irregularidades reportadas por outras missões de observação eleitoral, incluindo a União Europeia.

A ex-candidata presidencial zimbabueana Linda Masarira reforçou as críticas, afirmando que a SADC tem sido ineficaz em lidar com conflitos eleitorais. Para ela, a postura branda do organismo levanta dúvidas sobre seu compromisso em resolver crises dessa natureza.

Apesar das críticas, analistas como Dércio Alfazema acreditam que a cimeira poderá resultar em apelos pela concórdia e pelo respeito às instituições democráticas em Moçambique. Ele destacou que a SADC pode insistir em temas como intolerância política e o fortalecimento do Estado de Direito.

Linda Masarira, por sua vez, destacou a importância de uma solução rápida para garantir paz e estabilidade em Moçambique, alertando que a crise política ameaça a segurança da região como um todo.

As cimeiras da SADC frequentemente são criticadas por sua falta de ações concretas em momentos críticos. No entanto, a instabilidade em Moçambique exige uma resposta enérgica e coordenada para garantir o retorno à normalidade política e social. Resta saber se a reunião de Harare marcará uma mudança na abordagem do organismo ou se será lembrada como mais um “encontro de compadres”.