Luanda – Nesta quinta-feira, 7 de novembro, quatro ativistas angolanos foram detidos pela Polícia Nacional enquanto realizavam uma manifestação em apoio ao povo de Moçambique.
O protesto, em frente à embaixada moçambicana em Luanda, visava solidarizar-se com os manifestantes em Moçambique que, liderados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, denunciaram supostas fraudes eleitorais e o assassinato de dois de seus apoiadores. Este evento testa a posição do recém-nomeado ministro do Interior de Angola em relação às liberdades civis e ao direito de expressão.
A mãe de um dos ativistas presos, Leonor Matias, expressou sua indignação e pediu pela libertação de todos os envolvidos. Segundo ela, apoiar o povo moçambicano é um ato de solidariedade e união. “Se os outros estão a sofrer, não podemos lhes apoiar?”, questionou, afirmando que os angolanos compartilham o sofrimento do povo moçambicano.
Makuta Nkondo, ex-deputado da CASA-CE e conhecido crítico do regime, afirmou que a repressão está profundamente enraizada no sistema de governo angolano, liderado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Nkondo não espera mudanças substanciais sob a liderança do novo ministro Manuel Homem, questionando inclusive o histórico do ministro quando este foi governador de Luanda e teve papel de destaque na polícia local. “Isso é exatamente o que caracteriza o poder do MPLA: detenções, abusos de poder e violações de direitos humanos”, comentou Nkondo.
O episódio reforça as críticas de setores da sociedade civil e de analistas que apontam para a manutenção de uma postura repressiva do governo em Angola. A atitude do novo ministro do Interior, que ainda não comentou sobre as prisões, será acompanhada de perto e representa um importante teste de sua postura em relação aos direitos humanos e às liberdades civis.