EUA – As eleições nos Estados Unidos, especialmente as presidenciais, sempre tiveram impacto global. Com mais de 330 milhões de habitantes, o país mais poderoso do mundo decide seu futuro através de um processo eleitoral em que um pequeno número de eleitores em estados decisivos pode ser o fator determinante para escolher o próximo presidente. E em 2024, isso pode ser mais verdadeiro do que nunca.
A eleição de 2020 foi um exemplo claro de como pequenas margens de votos podem definir o destino de uma eleição. Joe Biden conseguiu virar estados tradicionalmente republicanos, como Arizona e Geórgia, para garantir sua vitória sobre Donald Trump. As margens de vitória nesses estados foram mínimas, o que destacou o poder de poucos eleitores em regiões estratégicas. Em 2024, espera-se que a corrida seja igualmente acirrada, com os estados de Arizona, Geórgia e Wisconsin voltando a ser o foco das campanhas.
Por exemplo, no Arizona, Biden venceu Trump por apenas 10.457 votos, uma margem de 0,3% do total de votos do estado. Isso mostra como um número relativamente pequeno de eleitores pode definir o resultado em uma disputa de escala nacional. Da mesma forma, na Geórgia, a vitória de Biden foi garantida por menos de 12 mil votos, o que representou uma margem de apenas 0,25%.
O sistema eleitoral dos EUA é baseado no Colégio Eleitoral, composto por 538 votos, que são distribuídos entre os 50 estados e o Distrito de Columbia. Cada estado possui um número específico de votos eleitorais, que varia de acordo com sua população. Para vencer uma eleição, o candidato precisa garantir 270 desses votos.
Os estados que decidem as eleições são conhecidos como “estados de batalha”, pois apresentam uma disputa equilibrada entre os dois principais partidos. Em 2024, as atenções estarão voltadas para uma dúzia de estados onde as margens de vitória foram muito estreitas em 2016 e 2020. Entre eles, podemos destacar Arizona, Geórgia, Wisconsin, Michigan e Pensilvânia. Esses estados têm um histórico recente de alternância entre democratas e republicanos, o que faz deles o principal alvo das campanhas eleitorais.
Com a redistribuição dos votos do Colégio Eleitoral após o censo de 2020, estados como Flórida, Carolina do Norte e Colorado ganharam mais votos eleitorais. O Texas, apesar das esperanças democratas de que poderia virar azul, também adicionou mais dois votos. Por outro lado, estados como Michigan e Pensilvânia perderam votos, mas continuam sendo cruciais para ambos os partidos.
Essa redistribuição reflete as mudanças populacionais e pode alterar o cenário eleitoral de 2024. Além disso, estados que anteriormente eram considerados seguros para um partido podem, no futuro, se tornar competitivos. Um exemplo recente é o estado da Virgínia, que deu a Biden uma vitória com folga em 2020, mas que pode se tornar mais disputado nas próximas eleições, segundo algumas pesquisas.
Uma das grandes questões que pairam sobre a eleição de 2024 é: quem serão os eleitores decisivos? Serão as mulheres suburbanas, que foram um grupo crucial para Biden em 2020, ou os eleitores sem diploma universitário que se aproximaram do Partido Republicano? Minorias e mulheres podem ser influenciadas pela presença de Kamala Harris, a primeira mulher de cor a estar tão próxima da presidência, ou eleitores mais velhos, que tendem a apoiar os democratas, desempenharão um papel fundamental?
Outro fator importante é a participação eleitoral. Em estados onde as margens são estreitas, a capacidade de mobilizar eleitores para comparecer às urnas pode ser o fator determinante. Pequenas mudanças no comportamento de grupos específicos de eleitores podem alterar drasticamente o resultado final.
Com as margens apertadas que caracterizaram as últimas eleições presidenciais nos Estados Unidos, o futuro de 330 milhões de americanos e, em muitos aspectos, do mundo, pode ser decidido por um número reduzido de eleitores em poucos estados estratégicos. A disputa de 2024 já está se desenhando como uma das mais competitivas da história recente, e os candidatos terão que lutar intensamente pelos votos desses estados-chave. No final, será a combinação de mudanças demográficas, estratégias de campanha e mobilização de eleitores que definirá o resultado, em uma eleição que promete ser decisiva para o futuro do país e seu papel no cenário global.