Adalberto Costa Júnior disse esta quarta-feira, 22, que a criminalidade em Angola atingiu níveis inaceitáveis e está a escapar ao controlo das autoridades, acusando a Polícia Nacional e o Governo de estarem a minimizar a gravidade do problema.
O presidente da UNITA fala mesmo em “contornos alarmantes” para caracterizar a situação da criminalidade em Angola, destacando que se trata de todo o tipo de criminalidade, incluindo políticos para os quais não se procuram responsáveis.
“Por mais pronunciamentos que alguns governantes ou a Polícia Nacional façam no sentido de minimizar, estamos perante um aumento significativo de todo o tio de crimes e com um novo modelo de crimes políticos, encomendados e sem preocupação das instituições apurarem responsabilidades”, descreveu.
Estas acusações foram feitas durante uma conferência de imprensa convocada para denunciar a crescente criminalidade no País.
O líder do principal partido da oposição disse também existir “um programa para eliminar vozes contrárias ao regime” e um claro programa do partido no poder para criar “ilhas partidárias vedadas ao exercício da pluralidade”.
“A elevadíssima taxa de pobreza e de extrema pobreza não tem merecido programas especialmente dedicados ao seu combate. O elevadíssimo número de desempregados, com tendência de crescer devido a medidas irresponsáveis de quem governa “, apontou.
Lamentou haver por todo o lado notícias de assassinatos cruéis, alguns dos quais ocorrem, inclusive, na presença de crianças.
“Noutra vertente, são cada vez mais frequentes informações que sugerem uma sofisticação crescente do crime organizado e de colarinho branco. Há cada vez mais indícios da ocorrência no País de tráfico de drogas associado a redes internacionais e crimes típicos relacionados com este negócio obscuro, tais como homicídios, sequestros, branqueamento de capitais e outros”, acrescentou.
Por este facto, referiu “Angola hoje é citada lá fora como destino e ponte de passagem do tráfico de drogas ao mesmo tempo que se constata uma total ausência de políticas coerentes e de estruturas de combate adequado ao fenómeno”.
“Diante deste rosário, Angola arrisca-se a ser considerado um País anormal em termos de segurança das populações, já que as causas da criminalidade não são atacadas e nem se anunciam estratégias para o seu combate”, sublinhou.
Lamentou que a distribuição da renda nacional não é inclusiva e as assimetrias regionais agudizam-se a cada dia que passa.
“A maior parte da população vive fustigada pela miséria e a hipotética classe média angolana é toda ela pobre, o desemprego atinge milhões de jovens que se juntam a milhares de ex-militares abandonados à sua sorte”, apontou.
Disse que a Polícia Nacional não está suficientemente equipada, nem é adequadamente remunerada e o grande fluxo de estrangeiros ilegais encontra facilidades na fragilidade das unidades militares e da polícia responsáveis pela guarda e protecção das fronteiras.
“A Guarda de fronteiras que por falta de logística adequada, meios de comunicação, meios de locomoção, botas e uniforme, vê-se atada no combate deste fenómeno” referiu.
Relativamente ao sector da Justiça, referiu que a crise é também validada pelas “recentes denúncias implicando o presidente do Tribunal Supremo em sucessivos escândalos de corrupção”.