Um morteiro disparado pelos rebeldes do M23 matou três militares tanzanianos da força de interposição da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIDRC) e feriu outros três na província do Kivu Norte, no leste da República Democrática do Congo (RDC).
A SAMIDRC integra unidades militares da África do Sul, Malawi e Tanzânia, embora forças de outros países, como Angola, Quénia e Burundi, estejam igualmente presentes no âmbito dos esforços regionais (ver links em baixo nesta página) de pacificação do leste da RDC.
Este não é o primeiro caso, ocorrido na passada quinta-feira, em que um ataque dos rebeldes do M23 provoca mortos entre os militares da SAMIDRC, tendo, em Fevereiro, sido registada a morte de dois militares sul-africanos
Este contingente enviado pelos membros da SADC em como objectivo ajudar o Governo de Kinshasa a travar os avanços rebeldes, especialmente do M23, que, com o apoio confirmado pela ONU do Ruanda, têm assumido o controlo de vastas porções de território no leste da RDC.
De acordo com as agências que o noticiaram, o ataque que vitimou os dois sul-africanos e este agora confirmado, onde pereceram três tanzanianos, tiveram lugar no mesmo campo militar, a cerca de 20 kms de Goma, a capital da província do Kivu-Norte.
O M23 e um movimento rebelde de origem étnica Tutsi ruandesa e surgiu no contexto regional em 2012, tedo, pouco depois, submergido sem explicações, para, já em 2020, voltar a emergir trazendo o caos de volta aos Kivu Sul e Norte.
Tal como as restantes guerrilhas que operam na RDC, especialmente no leste, a sua conduta já não é de natureza étnica ou de protecção de grupos étnicos, como sucedeu no pós-genocídio do Ruanda, em 1994, que agora marca o 30º aniversário, mas sim de cariz utilitário para permitir a extracção ilegal dos vastos recursos naturais desta zona congolesa.
Com especial destaque para o coltão, o ouro, os diamantes e o cobalto, o leste da RDC tem sido esventrado por diversos poderes, incluindo ocidentais, que usam os rebeldes como forças de protecção e de limpeza das zonas de prospecção, expulsando aldeias inteiras, por vezes chacinando centenas de pessoas.
Mas, como nunca tinha acontecido, embora já houvesse provas usadas por organizações internacionais, desta feita a própria ONU divulgou em 2021 um relatório com provas inequívocas do suporte ruandês aos rebeldes do M23.
E fazem-no com o objectivo claro de criar zonas de protecção para a exploração ilegal dos recursos congoleses, nomeadamente ouro e cobalto (ver links em baixo nesta página), um mineral de grande valia estratégica, porque é essencial e insubstituível na indústria 2.0 das telecomunicações à aviação e à informática, de que a RDC possui quase 70% das reservas mundiais conhecidas.