A importância de Angola implementar as autarquias foi com efeito um tema trazido à discussão em Luanda pela organização internacional Konrad Adenauer e a Universidade Lusíada de Angola.

Académicos de várias outras universidades analisaram as razões de Angola concretizar esse pressuposto constitucional e concluíram ser bastante pertinente e urgente que se concretizem as autarquias em Angola.

Cesaltina Abreu, docente universitária da Universidade Católica de Angola, na temática “A vida faz-se nos municípios”, apontou o actual partido no poder em Angola como o principal obstáculo para que as autarquias se materializem no país.

“Num estado super centralizado, cada vez mais centralizado, mete medo descentralizar, pensar dividir o poder”, disse, acrescentando: “nós não temos elites politicas preparadas para abrir mão dos privilégios e alargar as oportunidades aos outros”.

Antonio Ventura, jurista e professor na Universidade Lusiada de Angola, disse não haver interesse de quem detém o poder em partilha-lo. “São duas leis que faltam e só não foram aprovadas até agora porque quem detém a maioria no parlamento tem receio de descentralizar o poder ja que as autarquias podem trazer uma nova legitimação do poder.”, disse

Carlos Rosado de Carvalho, também docente de economia da Universidade Católica de Angola, aborda a vertente económica e as vantagens que as autarquias podem proporcionar ao país.

O ainda jornalista partilha da ideia que quem governa o país não tem nenhum interesse em concretizar as autarquias. “Acho francamente que o problema das autarquias em Angola está no MPLA perder o poder, o partido no poder tem medo de partilhar o poder.”, acredita.

Ideia refutada por outro convidado na mesa redonda, Israel Bonifácio, da universidade Agostinho Neto. O também membro do partido que governa Angola considera uma falácia acusar o seu partido de ter receio de materializar as autarquias locais.

“Não sei se quem ganha quatro eleições seguidas terá medo de ir a voto em eleições autárquicas”, disse. Bonifácio recordou que quem iniciou o processo para levar às autarquias foi o MPLA.

“Quem tem medo aprova onze leis sobre autarquias e quem não tem medo nem sequer uma lei propõe?”, interrogou. “Isto é uma falácia.”, concluiu.

Fonte: VOA