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Preços autos de farinha de trigo em Angola afasta produto no mercado

As padarias queixam-se da dificuldade na aquisição de farinha de trigo nos últimos dias depois de uma subida abrupta de cinco mil kwanzas por saco, que, mesmo sendo raro encontrar, está agora a ser vendido a 32 mil Kz, o que levou a uma redução na qualidade do pão à venda nas padrias e supermercados mas já não sacia a fome como antes.
Face às dificuldades para aumentarem o preço de forma a adequar os aumentos do preço da farinha de trigo, as padarias estão a resolver o problema reduzindo a qualidade e o tamanho do pão que o povo diz que “já não mata a fome”. Nos principais armazéns grossistas a farinha de trigo é quase inexistente e vários são os clientes que procuram ao mesmo tempo que se queixam da subida da matéria-prima nas duas últimas semanas.
O preço do pão não registou subida, mas alguns cidadãos ouvidos pelo Novo Jornal asseguram que a qualidade caiu bastante assim como o tamanho e o peso, o que leva a uma crescente insatisfação de quem tem este alimento como parte fundamental da sua alimentação diária.

O pão pequeno continua em muitos locais a ser vendido a 30 kz, o pão cassete entre 130 a 150 kz, mas com muita pouca qualidade devido à escassez de farinha de trigo em muitos locais da província de Luanda, como atestou esta segunda-feira, 8, o Novo Jornal, que efectuou uma ronda por alguns armazéns e padarias.

Nos armazéns da Angoalissar, no Cazenga e nos congolenses, a farinha de trigo não é comercializada há mais de duas semanas. Clientes e comerciantes dizem que está difícil encontrar e asseguram que o preço subiu de 27 para 32 mil fora dos armazéns. Quem quiser adquirir mais de 10 secos de farinha de trigo, quase não encontra devido à sua escassez, o que é uma quantidade reduzida para a maior parte das padarias e indústria panificadora no geral. Entretanto, várias padarias e pastelarias estão com dificuldades na aquisição de farinha de trigo e muitos compradores surpreendidos com qualidade do pão dizem que o mesmo já não “mata a fome”.

“Os clientes estão a reclamar, com razão, mas nós não temos como não alterar ou reduzir a quantidade e o peso do pão, visto que tudo está caro”, disse ao Novo Jornal Domingos Alfredo, padeiro de uma panificadora no Cazenga. Pensamento idêntico tem o gerente de uma pastelaria no Rangel, que está desde o passado Sábado sem a produto em stock e teme não conseguir reabastecê-lo visto que o seu fornecedor tem dificuldade na aquisição da farinha. Surpreendentemente alguns supermercados, que também vendem pão, também reduziram a qualidade e o peso. Quem agora é o papão das panificadoras, em Luanda, são as lojas “Arreiou”, que, por sinal, ainda prima pela qualidade do pão, o que faz com que as suas lojas registem, especialmente nas primeiras horas da manhã, como do fim do dia, grandes enchentes. Mas, entretanto, muitas destas lojas espalhadas por Luanda por vezes chegam a ficar dias sem pão, sem no entanto explicarem ou fundamentarem as reais razões.

Questionados se este facto tem a ver com dificuldade na aquisição da farinha de trigo, uma gerente de uma das lojas no Cazenga, que preferiu não ser identificada, assegurou que sim. Magda Borges, Catarina Paulo e Joice Domingos, três donas de casa com quem o Novo Jornal conversou, disseram que o pão feito nos últimos tempos já não “mata” a fome a ninguém. Segundo estas, uma criança de quatro anos chega a comer três a quatro pães só no pequeno-almoço, vulgo “mata-bicho”, sem ficarem saciados. Paulina David, uma comerciante que trabalha por conta própria no ramo da pastelaria há 10 anos, no Bairro Popular, contou que está surpreendida com a subida do preço do trigo, e que tem dificuldades em ajustar os preços das encomendas que tem.

No entanto, o Ministro da Agricultura e Florestas disse no mês de Novembro do ano passado que o País já iniciou a produção de trigo e que a população começou a consumir este produto a nível local e que o País saiu a ganhar.

Segundo Francisco Assis, a farinha de trigo que se consumia em Angola era até agora importada, mas tal quadro já não é o real. Dados da AGT de 2023, de Janeiro a Julho, dão conta que a farinha de trigo é, curiosamente, o produto alimentar mais exportado pelo País nos últimos cinco anos, depois, da entrada em vigor do PRODESI. Conforme a AGT, nos primeiros sete meses do ano passado, o produto alimentar mais exportado foi a farinha de trigo, sem que a actual escassez permita encontrar uma justificação para esse dado.

Entretanto, alguns cidadãos questionam as razões da subida e da dificuldades na aquisição da farinha de trigo, no mercado informal, atentando ao facto de o Executivo não admitir dificuldades na sua produção a nível local.