Become a member

Get the best offers and updates relating to Liberty Case News.

― Advertisement ―

spot_img
HomeMUNDOCOP 28: Mulheres são 14 vezes mais vulneráveis aos efeitos das alterações...

COP 28: Mulheres são 14 vezes mais vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas

As mulheres e as crianças são 14 vezes mais vulneráveis que os homens a desastres naturais resultantes das alterações climáticas. Susana Viseu, presidente da organização não-governamental Business as Nature, sublinha que não haverá justiça climática sem igualdade de género.

As mulheres e as crianças são 14 vezes mais vulneráveis que os homens a desastres naturais resultantes das alterações climáticas.

As mulheres e as crianças são 14 vezes mais vulneráveis que os homens a desastres naturais resultantes das alterações climáticas.

As mulheres e as crianças são 14 vezes mais vulneráveis que os homens a desastres naturais resultantes das alterações climáticas. Além disso, as mulheres e as meninas são também mais vulneráveis à violência, ao casamento infantil ou às crises económicas. 132 milhões de meninas em todo o mundo continuam sem acesso à educação.

Este ano, pela primeira vez, na Conferência das Partes sobre Alterações Climáticas há um pavilhão dedicado ao género. Mesmo assim, a fotografia de família da COP 28, à semelhança das anteriores, continua a ser pintada no masculino. As mulheres são uma minoria e os jovens estão ausentes.

Nesta COP 28, que decorre no Dubai, no dia da Igualdade de Género, no pavilhão de Portugal, a organização não-governamental Business as Nature levou a cabo o evento Mulheres pelo Clima dos Países da CPLP, o movimento já tinha sido lançado no ano passado e, aqui, este ano, apresentou o plano de acção até 2026.

O plano de acção das Mulheres pelo Clima baseia-se em seis eixos: política e diplomacia climática; empoderamento e capacitação; ciência, tecnologia e conhecimento; comunicação e participação e cooperação e criação de redes.

Susana Viseu, presidente da organização não-governamental Business as Nature, sublinha que “não haverá justiça climática sem igualdade de género” e acrescenta que estes fóruns de decisão “deveriam representar a composição da sociedade”, com mais mulheres e jovens representados e parte efectiva da discussão.

No dia dedicado ao Género, a Business as Nature organizou um evento denominado Mulheres pelo Clima dos Países da CPLP. Que evento foi este?

Foi um evento dedicado ao Movimento das Mulheres pelo Clima dos Países de Língua Portuguesa, que criámos o ano passado e apresentámos na COP 27, no Egipto.

Este ano apresentamos o plano de acção até 2026, tivemos um painel com mulheres de diferentes países de língua portuguesa que estão a implementar políticas ou soluções relacionadas com a acção climática e, no final, assinamos um compromisso para acção climática no feminino, que foi assinado no final por todos os representantes políticos que estavam presentes naquela data.

Qual é a relação entre as questões climáticas e a questão do género, das mulheres?

As mulheres continuam ainda muito afastadas dos centros de decisão, nomeadamente da decisão sobre as políticas climáticas.

No ano passado, em mais de 140 países presentes na COP 27, apenas oito eram representados por mulheres. Este ano, o rácio é também sensivelmente o mesmo.

Sendo nós 50% da população, continuamos afastadas em áreas tão determinantes para as nossas vidas, como a transição climática e não há transição justa sem o envolvimento das mulheres. As mulheres são as mais afectadas pela crise climática, isso é reconhecido pelas Nações Unidas. São 14 vezes mais vulneráveis aos efeitos das alterações climáticas.

Por isso, são a grande maioria das refugiadas climáticas, as questões de seca afectam particularmente, mais uma vez, as meninas que têm de garantir o acesso à água e à alimentação e, portanto, essas meninas e mulheres põem em risco a sua própria vida, a sua segurança, o que as impede também de estudar, de progredir e de ter a sua independência económica.

Isto é um ciclo em cadeia que sempre se verificou ao longo da história: nas situações de crise as mulheres são desproporcionalmente mais afectadas.

Nesta crise climática, aquilo que é o nosso combate, é que isso não aconteça e que consigamos que haja, de facto, um olhar para estas questões de desigualdade e que não se agravem nesta situação de transição energética, transição climática que pretendemos que seja justa e inclusiva.

Mais uma vez, na fotografia de família da COP 28 repetiu-se o que se tem vindo a repetir ao longo dos anos: uma fotografia no masculino e, acrescento, de homens velhos. Não há mulheres, nem jovens.

É isso mesmo. Eu costumo dizer exactamente isso, olhando para esse friso vemos essencialmente homens e são homens com mais de 60 anos.

São estas pessoas que determinam medidas e tomam decisões muito relevantes para o nosso presente e para o nosso futuro.

Essas decisões deveriam, obrigatoriamente, ter uma maior participação e ligação àquilo que é a composição da sociedade: somos cerca de 50% homens e 50% de mulheres, e obviamente que é importantíssimo também a participação dos jovens nesses fóruns de decisão, que são eles que vão construir e que vão receber esse futuro. Naturalmente, os jovens terão que estar muito mais envolvidos e muito mais participantes, fazendo parte da decisão e não só do folclore associado às COP’s.

Também há estudos que revelam que os homens contribuem mais para as emissões de gases com efeitos de estufa que as mulheres. Portanto, esta pegada carbónica é muito mais masculina do que feminina?

Sim, tem a ver muito também com as actividades que são desenvolvidas mais pelos homens e os próprios hábitos de consumo, e, também, – mais um motivo para para que não haja transição climática sem o envolvimento das mulheres – o facto das mulheres, em média, terem a decisão de compra,em 85% dos casos, de acordo com os dados da Organização Mundial do Comércio.

Portanto, se queremos mudar hábitos de consumo e estilos de vida, é impossível fazê-lo sem o envolvimento das mulheres.

É importante a existência de um pavilhão dedicado ao género, mesmo que os lugares de topo de decisão continuem a ser de difícil acesso às mulheres?

Eu acho que é sempre muito importante chamar a atenção para a causa feminina neste contexto.

Sabemos que o Dubai, em particular, e os Emirados Árabes Unidos, no geral, não são um exemplo em termos de igualdade de género, mas é sempre muito importante – eu diria que até mais importante ainda nestes países onde estas questões são ainda mais afastadas do dia-a-dia – que este tema esteja muito presente.

Acho que deveria existir sempre, daqui para a frente. Foi a primeira vez e julgo que seria muito importante ter sempre um pavilhão dedicado às questões da mulher.

Desde a COP de Lima [COP 20, Dezembro de 2014] que há um dia dedicado às questões do género. Portanto, é considerado que é importante discutir o tema das mulheres, das comunidades indígenas, dos jovens nas agendas da COP.

São tão importantes como discutir a adaptação, mitigação, financiamento, etc. Eles estão inter-relacionados, mas o facto de haver dias dedicados justifica a importância do tema. De facto, as Nações Unidas reconhecem a importância deste tema.

Se começar a ser habitual um pavilhão dedicado ao género, acho que é muito positivo e que até possa vir a ser alargado à contribuição das várias organizações de mulheres pelo mundo que estão a trabalhar no âmbito da acção climática no feminino.