A tensão no conflito entre Rússia e Ucrânia ganhou novos contornos após o Ministério da Defesa russo confirmar o uso de mísseis balísticos de longo alcance ATACMS pela Ucrânia. Fornecidos pelos Estados Unidos, esses armamentos foram empregados em um ataque à região de Bryansk, na Rússia, marcando uma nova fase do confronto.
Segundo o Ministério da Defesa russo, seis mísseis ATACMS foram lançados, dos quais cinco foram interceptados pelas defesas aéreas do país. Fragmentos de um dos projéteis atingiram uma instalação militar na região, causando um incêndio rapidamente controlado, sem danos ou vítimas relatadas.
O ataque aconteceu pouco após os EUA suspenderem as restrições ao uso dos mísseis de longo alcance pela Ucrânia para atingir alvos em território russo. O Exército ucraniano informou ter mirado um depósito logístico das forças russas próximo à cidade de Karachev, na mesma região. De acordo com a inteligência ucraniana, o local era utilizado para armazenar bombas e munições, incluindo armamentos fornecidos pela Coreia do Norte.
Esse desenvolvimento ocorre no contexto de alterações significativas na política nuclear russa. Horas após o ataque, o presidente Vladimir Putin assinou uma atualização na doutrina do país, ampliando as condições para o uso de armas nucleares. Agora, qualquer ataque à Rússia por um Estado não nuclear, se apoiado por uma potência nuclear, pode ser tratado como uma agressão conjunta, justificando o uso do arsenal nuclear.
O uso dos mísseis ATACMS, com alcance de até 300 km, levanta questões sobre os próximos passos no conflito. Especialistas do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), baseado em Washington, destacam que a mudança estratégica dos EUA representa uma resposta às ações do Kremlin, incluindo a introdução de soldados norte-coreanos na guerra.
Embora a Rússia tenha criticado o fornecimento desses armamentos como uma “escalada” perigosa, o levantamento das restrições por Washington demonstra um fortalecimento do apoio ocidental à Ucrânia. Há cerca de 245 alvos militares russos dentro do alcance desses mísseis no território ucraniano, o que pode intensificar os ataques no futuro próximo.
O uso dos mísseis ATACMS pela Ucrânia e as mudanças na doutrina nuclear russa destacam o aumento da complexidade do conflito. Resta saber como a comunidade internacional responderá à escalada de tensões, especialmente diante do envolvimento crescente de potências nucleares.
A situação exige vigilância constante, dado o impacto potencial no equilíbrio geopolítico global. Enquanto isso, a guerra na Ucrânia segue como um palco de disputas não apenas regionais, mas globais, refletindo interesses e tensões entre as maiores potências do mundo.