As consequências das inundações que assolaram a região de Valência no final de outubro ainda ecoam nas ruas e na política local. No último domingo, o governo regional de Valência enfrentou uma onda de críticas quanto à sua resposta ao desastre, porém afirmou que não pretende se demitir. Em vez disso, os líderes do governo comprometeram-se a focar na recuperação e reconstrução das áreas afetadas, num cenário onde o número de vítimas fatais subiu para 222.
No sábado, cerca de 130 mil manifestantes tomaram as ruas de Valência, exigindo a demissão do presidente da comunidade autónoma, Carlos Mazón, e da sua vice, Susana Camarero. Os protestantes alegaram que a resposta do governo regional à catástrofe foi lenta e desorganizada. Muitos descreveram a atuação como “caótica” e pediram mudanças imediatas na liderança.
Em resposta à pressão popular, Susana Camarero enfatizou, numa conferência de imprensa, que a demissão “não é uma opção”. Ela sublinhou que o objetivo primordial do governo neste momento é dar suporte à recuperação e reconstrução da região afetada, destacando a responsabilidade de não abandonar as vítimas desta tragédia.
O presidente Carlos Mazón, por sua vez, declarou que respeita as manifestações e compartilha a dor dos afetados. No entanto, lamentou os episódios de vandalismo registrados durante os protestos.
A partir de Madrid, o Partido Popular (PP), do qual Mazón faz parte, expressou seu apoio ao governo regional de Valência. O partido defendeu a resposta do executivo valenciano, afirmando que tem agido em todos os momentos para minimizar os danos da tragédia. Segundo os representantes do PP, o governo nacional, liderado pelo PSOE (centro-esquerda), não tem oferecido o suporte necessário diante do que consideram a “maior emergência nacional da Espanha” nos últimos anos.
Em contraste, o ministro da Política Territorial e da Memória Democrática, Ángel Víctor Torres, ressaltou o apoio do governo nacional às manifestações pacíficas. Ele frisou que o foco deve permanecer nas ações de ajuda e recuperação, sugerindo que qualquer debate político mais profundo poderia desviar a atenção dos esforços de auxílio.
Na medida em que o esforço de recuperação avança, a ligação ferroviária de alta velocidade entre Madrid e Valência, interrompida desde as inundações, deve ser retomada nesta quinta-feira. Além disso, o número de municípios valencianos atingidos pelo desastre já chega a 75.
As autoridades informaram que até o momento foram resgatadas 36.803 pessoas, sendo 82 nas últimas horas, refletindo a magnitude dos esforços de socorro e o empenho na reconstrução de uma região devastada.
Enquanto a pressão pública sobre o governo valenciano cresce, o foco declarado pelas lideranças é a reconstrução e o apoio às vítimas. Num cenário de desafios extremos, a união de esforços será fundamental para que a comunidade possa se reerguer diante da tragédia.