Um grupo de mais de dez efectivos da Direcção de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP) deteve, na manhã desta terça-feira, 3 de dezembro, Daniel Afonso Neto, Presidente do Conselho de Administração da empresa Konda Marta e Tenente-Coronel das Forças Armadas Angolanas.
Fonte: Club-k.net
A detenção ocorreu momentos depois de Neto ter denunciado alegado favorecimento da juíza Joaquina Pilartes da Silva a figuras militares e políticas ligadas ao regime, no âmbito do conflito fundiário que a empresa enfrenta desde 2016 contra oficiais superiores da Polícia Nacional e das FAA.
Segundo a chefe das operações da Konda Marta, Joana Magita, mais de dez homens armados do DIIP surpreenderam o PCA da empresa num terreno próximo ao Campus Universitário, exibindo um mandado de detenção e conduzindo-o para o SIC-Geral, no município de Cacuaco.
Magita relatou ainda que os seguranças contratados pela empresa tentaram intervir para impedir a detenção, mas foram ameaçados de morte. “Quem tentar vai morrer, por isso tiveram de recuar”, denunciou.
O Club-K apurou que a detenção surge após a anulação da providência cautelar que favorecia a Konda Marta, pela mesma juíza que anteriormente havia decidido pela restituição provisória da posse às camponesas. A nova medida beneficiou oficiais superiores da Polícia Nacional e antigos governantes, incluindo o ex-governador de Luanda, Bento Bento.
As autoridades emitiram o mandado de detenção contra Daniel Neto no quadro de um processo de calúnia e difamação movido pelo atual Comandante-Geral da Polícia Nacional, Comissário-Chefe Francisco Ribas.
Uma fonte ligada ao processo afirmou: “Com a detenção do responsável da Konda Marta, vai dar tempo aos invasores de terrenos das camponesas poderem construir, com o pretexto de que o tribunal lhes restituiu a posse do espaço.”
Na segunda-feira, 2 de dezembro, Daniel Neto já havia reagido publicamente à decisão da juíza Joaquina Pilartes da Silva, acusando-a de favorecer figuras influentes do país, com destaque para Bento Bento. O PCA da Konda Marta acusou a magistrada de praticar “nepotismo” e “corrupção”, ao exarar uma providência cautelar que, segundo ele, beneficiava altas patentes militares e policiais. “Essa juíza deve ser sancionada”, apelou.

