Os Estados Unidos suspenderam todos os pedidos de imigração provenientes de 19 países classificados como de alto risco, anunciou o Departamento de Segurança Interna esta quarta-feira, dias após um tiroteio em Washington envolvendo um cidadão afegão. A decisão marca um novo endurecimento da política migratória da administração de Donald Trump.
De acordo com um documento dos serviços de imigração consultado pela AFP, a suspensão abrange inicialmente 12 países — Afeganistão, Birmânia (Myanmar), Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irão, Líbia, Somália, Sudão e Iémen — cujos cidadãos já enfrentavam restrições desde junho. A decisão é agora alargada a outros sete países sujeitos a limitações de vistos: Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turquemenistão e Venezuela.
Fontes oficiais norte-americanas confirmaram que a proposta ainda está sob análise final, mas um anúncio formal é esperado em breve.
A secretária da Segurança Interna, Kristi Noem, após encontro com o Presidente Trump, defendeu a imposição de uma “proibição total de viagens” aos países que, segundo ela, estariam a “inundar os EUA com criminosos e beneficiários abusivos do sistema social”.
A tensão aumentou após o ataque em Washington, cujo suspeito — um cidadão afegão que entrou no país em 2021 e obteve asilo em abril deste ano — se declarou inocente das acusações de homicídio. Em resposta, o governo suspendeu a emissão de vistos para detentores de passaporte afegão, congelou decisões de asilo e ordenou a revisão de mais de 720 mil pedidos de green card relacionados aos 19 países na lista restritiva.
As novas regras ampliam a proclamação de verão, que já impunha restrições totais ou parciais a cidadãos de 19 países. Agora, os limites tornam-se ainda mais rígidos, com suspensões completas de entrada e paralisação dos processos migratórios em curso.
Durante uma reunião na terça-feira, Trump voltou a usar retórica dura, afirmando que “os imigrantes somalis não contribuem com nada” e que não os quer no país — comentário que reflete a linha política que tem marcado o seu mandato.
Entretanto, o Departamento de Justiça demitiu oito juízes de imigração em Nova Iorque. Os magistrados atuavam no edifício Federal Plaza, responsável pela análise de casos de estrangeiros que tentam regularizar a sua permanência nos EUA.
As decisões sinalizam um novo período de forte restrição migratória, com impactos diretos para milhares de famílias que aguardam aprovação de processos nos Estados Unidos.

