Angola atingiu uma taxa de rastreabilidade de 93% na produção de diamantes, aproximando-se dos padrões internacionais de transparência e boas práticas ESG. O avanço, anunciado pela Endiama esta terça-feira, 2 de dezembro, resulta do trabalho conjunto entre as sociedades mineiras que operam no país, que agora asseguram o controlo de cada pedra desde a extração até ao consumidor final.
Segundo o comunicado consultado pela Forbes África Lusófona, o processo responde às exigências dos mercados internacionais, cada vez mais focados na origem certificada e responsável dos minerais. A Endiama sublinha que o reforço dos sistemas de controlo e a adoção de tecnologias mais robustas fazem parte da estratégia para alcançar, num futuro próximo, a rastreabilidade total de 100% da produção nacional.
A elevação do nível de rastreabilidade marca uma transformação estrutural no posicionamento de Angola na cadeia de valor do diamante. Num mercado onde as normas ESG influenciam fortemente o acesso a investidores, compradores premium e plataformas comerciais como Antuérpia, Dubai e Índia, o país dá um passo decisivo para consolidar a sua imagem de produtor responsável.
O sector diamantífero angolano, historicamente sujeito a desafios de transparência e certificação, tem procurado aproximar-se de modelos de referência como os de Botswana, Canadá e Rússia. Para analistas, a introdução de sistemas digitais de certificação automática será determinante para reforçar esta evolução.l
Além de reforçar a credibilidade externa, a rastreabilidade quase total contribui para melhorar a eficiência interna das operações mineiras. Sistemas tecnológicos avançados ajudam a reduzir perdas, garantir auditorias mais rigorosas, aperfeiçoar previsões de produção e estimular o desenvolvimento de etapas industriais dentro do país, nomeadamente na lapidação e no comércio de diamantes lapidados — áreas consideradas estratégicas pela política diamantífera nacional.
O compromisso de alcançar 100% de rastreabilidade permitirá a Angola competir em melhores condições no mercado internacional, reduzir vulnerabilidades reputacionais e fortalecer a confiança de investidores e parceiros comerciais. Para o Estado, trata-se também de uma oportunidade para gerar receitas mais sustentáveis e consolidar o país como uma referência continental no sector diamantífero.
Com este avanço, Angola dá um sinal claro de modernização do subsector mineiro e de alinhamento com as melhores práticas globais, num momento em que a transparência e a responsabilidade social se tornaram exigências incontornáveis da indústria.

