Castel Gandolfo – O Papa Leão XIV voltou a apelar, neste domingo, a um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, expressando preocupação com a escalada da violência e o crescente número de vítimas civis. A mensagem foi transmitida durante a tradicional oração do Angelus, realizada em seu retiro de verão, na localidade italiana de Castel Gandolfo.
O líder da Igreja Católica pediu à comunidade internacional que respeite o direito humanitário, condenando o uso indiscriminado da força, os castigos coletivos e a deslocação forçada de populações. A reação do pontífice surge na sequência de um ataque israelita à única igreja católica em Gaza, a Igreja da Sagrada Família, que provocou a morte de três pessoas e feriu dez outras, incluindo o pároco local
“Renovo o apelo ao fim imediato da barbárie desta guerra e à busca de uma solução pacífica para o conflito”, declarou o Papa, expressando “profunda dor” pelo ocorrido no templo religioso, onde centenas de palestinianos procuravam abrigo.
Após presidir uma missa na Catedral de Albano, próxima de Castel Gandolfo, o pontífice reiterou: “O mundo já não tolera a guerra. Precisamos de diálogo, não de armas.”
No mesmo dia, as Forças de Defesa de Israel emitiram novos avisos de evacuação para áreas centrais de Gaza, região que, até então, havia sido pouco afetada por operações terrestres. A medida poderá comprometer ainda mais o acesso de civis e organizações humanitárias à ajuda essencial, sobretudo entre Deir al-Balah e as cidades de Rafah e Khan Younis.
A ONU informou estar a tentar confirmar se as suas instalações localizadas na zona afetada pelas ordens de evacuação estão incluídas nas novas diretivas. Um funcionário das Nações Unidas, sob anonimato, afirmou que, em ocasiões anteriores, estas infraestruturas foram poupadas.
O exército israelita justificou a ação como parte de um esforço para intensificar os ataques contra militantes armados. O porta-voz militar Avichay Adraee apelou aos residentes para se deslocarem até Muwasi, uma zona humanitária improvisada na costa sul de Gaza.
No domingo, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que pelo menos 73 pessoas morreram em diferentes locais enquanto tentavam aceder a ajuda humanitária. Só no norte da Faixa de Gaza, 67 palestinianos terão sido mortos durante uma tentativa de acesso a víveres na zona de Zikim.
O exército israelita alegou que as suas tropas abriram fogo contra um grupo que representava uma ameaça, mas reconheceu haver vítimas civis. Ainda não está claro se todas as mortes resultaram da ação militar ou de conflitos paralelos com grupos armados.
Enquanto isso, as conversações entre Israel e o Hamas, mediadas no Qatar, continuam sem avanços significativos. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem defendido que a intensificação das ações militares serve para pressionar o grupo islâmico a negociar, embora o processo esteja estagnado há meses.
Israel afirma atualmente controlar mais de 65% do território de Gaza, numa guerra que já se prolonga por mais de 21 meses.