Num raro momento de cooperação entre dois países em guerra, Rússia e Ucrânia realizaram uma nova troca de prisioneiros neste sábado (24 de maio), envolvendo centenas de soldados e civis de ambos os lados. A permuta ocorre num contexto de intensificação dos combates, ataques aéreos e fracasso de tentativas recentes de cessar-fogo.
Segundo autoridades ucranianas e russas, cada país recuperou 307 prisioneiros. A iniciativa acontece logo após uma troca anterior de 390 pessoas, demonstrando algum nível de articulação humanitária entre os dois lados do conflito. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, celebrou o retorno dos soldados em uma publicação no Telegram e afirmou: “Esperamos mais amanhã”.
Apesar da libertação de prisioneiros, a tensão entre os países permanece alta. Poucas horas antes da troca, a capital da Ucrânia foi alvo de um massivo ataque russo com mísseis balísticos e drones Shahed. O bombardeio, considerado um dos maiores dos últimos tempos em Kiev, feriu pelo menos 15 pessoas e causou pânico entre a população, que procurou refúgio nas estações de metrô.
As forças ucranianas relataram a neutralização de 245 dos 250 drones lançados pela Rússia, além de seis mísseis interceptados. O Ministério da Defesa da Rússia confirmou a troca dos prisioneiros, mas não forneceu detalhes sobre futuras negociações ou libertações.
O gesto de cooperação surge após conversações realizadas em Istambul no início de maio — o primeiro encontro presencial entre representantes russos e ucranianos desde o início da invasão em fevereiro de 2022. Durante a reunião, ficou acordado que ambos os países libertariam cerca de 1.000 prisioneiros cada, entre soldados e civis.
Apesar da esperança gerada por essas trocas, os ataques contínuos mostram que a paz ainda está distante. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, afirmou em uma publicação na rede social X que o aumento da pressão internacional e das sanções contra Moscovo é essencial para acelerar o processo de paz.
O embaixador da União Europeia em Kiev também se manifestou, classificando o ataque noturno como “horrível” e reforçando a solidariedade do bloco com a Ucrânia. Enquanto isso, a população da capital continua a enfrentar noites de medo e destruição, mesmo diante de sinais tímidos de diálogo.