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Fim de mandato de Sissoco Embaló: O País em suspense

by REDAÇÃO

A Guiné-Bissau vive um momento de grande incerteza política, com a aproximação do término do mandato do presidente Umaro Sissoco Embaló, nesta quinta-feira, 27 de fevereiro. A população está em clima de tensão, e tanto a oposição quanto a sociedade civil mobilizam-se para realizar uma paralisação geral do país a partir de sexta-feira, 28 de fevereiro, em protesto contra o que consideram ser uma possível violação da Constituição e a continuidade do presidente no poder.

Atualmente em visita oficial à Rússia, Umaro Sissoco Embaló já deixou claro que não tem a intenção de deixar o cargo, o que tem gerado preocupação e divisões no país. A oposição acusa o presidente de desrespeitar os limites constitucionais do seu mandato, enquanto o governo responde com uma postura firme e declarações de “tolerância zero” aos protestos.

Nas ruas de Bissau, o clima é de apreensão. A presença de militares é notória, e a população está em alerta, temendo o que pode acontecer a partir do término do mandato de Embaló. Muitos cidadãos expressaram preocupação, destacando a grave crise política que o país atravessa. Para alguns, a situação pode desencadear confrontos. “Amanhã é o fim do mandato do Presidente, e esperamos um confronto verbal que poderá levar a um conflito”, disse um morador à DW. Por outro lado, há quem acredite que o dia 27 de fevereiro será apenas mais uma data comum, com a esperança de que o país siga em paz.

A oposição tem se mobilizado ativamente. As principais coligações políticas, como Pai Terra-Ranka e API Cabas-Garandi, anunciaram uma paralisação geral a partir de sexta-feira e apelaram à adesão popular. Nuno Nabiam, ex-primeiro-ministro e líder da API, afirmou que a paralisação será uma primeira ação contra a continuidade de Embaló no poder, além de convocar a população e a sociedade civil para se unirem contra a situação. “Devemos lutar para tirá-lo [do poder]. Pedimos a todos que se unam a esta causa”, declarou.

Em resposta, o governo de Embaló não hesitou em advertir que qualquer ausência no trabalho nos dias 27 e 28 de fevereiro será tratada com rigor, considerando que não são feriados. Para Lesmes Monteiro, líder da Coligação Aliança Republicana, as ameaças da oposição são apenas tentativas de semear o medo entre os cidadãos. “Não há motivo para pânico. Não haverá desordem. A oposição tenta criar um cenário de caos, mas não há espaço para isso”, afirmou.

O governo não se limita a palavras, tendo o Ministro do Interior, Botche Candé, ameaçado reprimir qualquer manifestação contra o presidente. José Carlos Macedo Monteiro, secretário de Estado da Ordem Pública, foi enfático: “Qualquer cidadão que tentar perturbar a ordem pública será tratado com tolerância zero. O país deve seguir em frente.”

Além disso, a intervenção da comunidade internacional, particularmente da CEDEAO, tem sido criticada por sua parcialidade. Muitos acusam a missão da CEDEAO de falhar em mediar o impasse político, uma vez que teria se reunido apenas com os aliados de Embaló, sem buscar um consenso abrangente. Para o sociólogo Tamilton Teixeira, a crise atual é resultado de uma liderança que não defendeu a Constituição e o Estado de Direito, o que coloca o futuro da Guiné-Bissau em um cenário nebuloso.

Além das tensões políticas, o Sindicato dos Jornalistas e Técnicos de Comunicação Social (SINJOTECS) expressou sua preocupação com a segurança dos profissionais de mídia no contexto atual. O sindicato solicitou ao Ministério do Interior que garanta a proteção dos jornalistas para que possam exercer suas atividades com segurança, dado o clima de instabilidade que se vive no país.

A Guiné-Bissau se encontra à beira de um momento decisivo. O fim do mandato de Umaro Sissoco Embaló coloca o país em um estado de suspense, com a população dividida e preocupada com o futuro político e social. O desenrolar dos próximos dias será crucial para determinar o rumo do país, e as tensões políticas parecem estar longe de ser resolvidas, exigindo uma intervenção urgente tanto das autoridades internas quanto da comunidade internacional.

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