Angola, uma nação abençoada por riquezas naturais imensuráveis, vive hoje um cenário de vergonha, onde a cólera, doença do passado, assombra o presente de um povo esquecido. É revoltante observar como um país que poderia ser exemplo de desenvolvimento e dignidade para o seu povo tornou-se sinônimo de descaso, sujeira e abandono.
A cólera, cujo combate exige algo básico como saneamento, encontra terreno fértil em nossa Angola, onde o sistema de saúde é débil e desestruturado. Como se combate uma epidemia em um país onde a saúde e a educação não são prioridades? Como esperar progresso em uma nação onde crianças se alimentam de lixo e a fuba vendida nos mercados é estendida junto ao lixo? Angola tornou-se um retrato da desigualdade, da ineficiência e da corrupção institucionalizada.
A verdade é que Angola é um país sujo – não apenas nas ruas, mas no coração do seu sistema governamental. Enquanto o povo sofre, o presidente continua a viajar, alheio ao sofrimento da população. O descaso é evidente: técnicos de saúde, formados há mais de uma década, estão desempregados, enquanto o país carece desesperadamente de profissionais qualificados. Como entender tamanha contradição?
Tenho profundo respeito pela ministra da saúde, Dra. Sílvia Lutucuta, uma profissional brilhante, mas que infelizmente foi engolida por um sistema caduco, incapaz de responder às necessidades básicas da população. A sua boa vontade e competência não podem prevalecer quando a estrutura que deveria apoiá-la é obsoleta e corrupta.
O MPLA, que outrora representou a esperança de libertação, hoje não está mais em condições de governar Angola. A sua incapacidade de lidar com crises como a cólera reflete um governo alheio às reais necessidades do povo.
Um governo que prioriza futilidades, enquanto crianças morrem de fome e doenças evitáveis, não é digno de liderar.
Angola vive um surto de cólera que, mais do que uma doença, é um símbolo da sujeira moral, social e política que se instalou no país. Um símbolo de um Estado falhado, que virou as costas para o seu povo.
Mas há esperança. Há resistência. E há coragem para denunciar. Que este artigo ecoe como um grito de indignação e um apelo para que Angola renasça das cinzas de sua corrupção e abandono.
Por: Poeta Ukwanana Demóstenes
Técnica de Saúde.