Maputo – O embaixador de Angola em Moçambique, João Manuel “Jota”, tem enfrentado fortes críticas após declarações recentes que demonstraram apoio explícito à FRELIMO, o partido no poder em Moçambique. Suas palavras vieram em um contexto de tensões políticas e protestos populares contra os resultados das últimas eleições, que têm sido contestados pela oposição moçambicana.
Após o anúncio dos resultados eleitorais em Moçambique, João Manuel “Jota” visitou a sede da FRELIMO e entregou uma carta do presidente angolano, João Lourenço, endereçada a Daniel Chapo, candidato do partido. Em sua declaração pública, João Manuel afirmou que o MPLA estaria “ao lado da FRELIMO e pronto para apoiar no que for necessário,” o que foi interpretado por muitos como um apoio aberto ao partido governante.
Esse posicionamento gerou reações intensas, sobretudo por parte da oposição moçambicana, que vê o apoio angolano como uma tentativa de legitimar o governo da FRELIMO em um momento em que há protestos e acusações de fraude eleitoral. As manifestações contra o resultado das eleições têm resultado em confrontos entre manifestantes e forças de segurança, aumentando as tensões no país.
Em Angola, surgiram questionamentos sobre o comportamento do embaixador. Críticos apontam que, ao tomar uma posição pública em apoio a um partido político específico, João Manuel estaria agindo de forma inadequada, violando o princípio de neutralidade esperado de um diplomata. Embaixadores, segundo as normas diplomáticas internacionais, devem representar o Estado e manter uma postura isenta em relação aos assuntos internos do país anfitrião. Qualquer envolvimento público em questões partidárias pode comprometer a imagem de imparcialidade e minar a confiança nas relações bilaterais.
Especialistas em relações internacionais alertam que, embora diplomatas possam participar de eventos partidários em circunstâncias excepcionais, isso deve ser feito com extremo cuidado, respeitando sempre os limites impostos pelas diretrizes governamentais. O caso de João Manuel é apontado como um exemplo de como uma postura partidária pública pode gerar controvérsia e até mesmo constrangimento diplomático.
Até o momento, o governo angolano não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido, mas o incidente abriu um debate sobre o papel dos embaixadores na preservação da neutralidade e imparcialidade nas relações internacionais, especialmente em períodos de crise política nos países em que estão alocados.