Maputo – O clima em Moçambique está tenso após declarações do ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, sobre uma possível tentativa de golpe de Estado no país. Segundo o ministro, há indícios “credíveis” de que forças internas e externas estariam organizando uma ação para alterar a ordem constitucional estabelecida. Em uma coletiva de imprensa recente, Chume afirmou que não se trata de um simples protesto e que “não há quem prepare uma marcha até à Ponta Vermelha para dar um mergulho na piscina”, referindo-se ao palácio presidencial.
A declaração veio em um momento em que o país assiste a uma série de manifestações e protestos, liderados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que contesta os resultados das eleições de 9 de outubro, em que a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e seu candidato Daniel Chapo saíram vencedores. Mondlane convocou sete dias de protestos e uma grande manifestação em Maputo na próxima semana.
Em resposta ao aumento das tensões, o ministro Chume reforçou que as Forças de Defesa e Segurança estão prontas para agir em defesa da soberania nacional. Ele relembrou a importância da unidade nacional e da superação dos desafios históricos, mencionando a guerra civil que o país enfrentou por 16 anos. Chume enfatizou que a estabilidade e a ordem democrática são fundamentais para o futuro do país, e que as Forças Armadas têm o dever de garantir essa segurança.
Enquanto isso, nas ruas de Maputo, o clima de instabilidade é visível. Jovens manifestantes bloquearam avenidas com escombros, pedras e até mesmo contêineres, transformando áreas da cidade em verdadeiros cenários de conflito. A Associação Médica de Moçambique denunciou a violência nas manifestações, relatando que pelo menos 108 pessoas foram feridas e 16 perderam a vida nas últimas semanas. Nesta terça-feira, os médicos protestaram contra a repressão, pedindo pelo fim dos confrontos e pela paz.
Entre as críticas à repressão, o criminalista José Capassura destacou o uso excessivo de força por parte das autoridades, mencionando balas reais e gás lacrimogêneo disparados diretamente contra os manifestantes, o que contraria protocolos de controle de multidão. Segundo Capassura, essa atuação intensifica as tensões e gera mais descontentamento entre a população.
A situação em Moçambique é delicada, e as próximas semanas serão cruciais para o país. Enquanto o governo promete garantir a ordem, os manifestantes seguem contestando os resultados eleitorais e clamando por mudanças. Fique atento a mais atualizações sobre os desdobramentos em Moçambique e as medidas do governo para preservar a estabilidade nacional.