Angola – Um incidente grave envolvendo um efetivo da Polícia de Guarda Fronteira (PGF) em Cafunfo, na província da Lunda-Norte, gerou grande indignação. O agente é acusado de ter disparado três tiros à queima-roupa contra Gilberto Domingos Augusto, um jovem de 27 anos e filho de um alto funcionário do Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE) no município do Cuango. O ataque deixou a vítima com ferimentos graves nas pernas.
O ocorrido foi na madrugada de 17 de setembro, nas proximidades do Posto da Polícia no Bairro Bundo, em Cafunfo. O policial, identificado como André, teria alvejado a vítima, que saía da casa de um amigo mecânico. Testemunhas descreveram o evento como uma tentativa de homicídio, e levantam suspeitas sobre abuso de poder e impunidade na região, fatores que agravam a percepção de injustiça.
Gilberto Domingos Augusto contou que reconheceu o agente André e até o chamou pelo nome durante o incidente, na esperança de evitar o ataque. Contudo, após os disparos, o policial fugiu em direção à sua unidade, onde entregou a arma a um colega.
Devido à gravidade dos ferimentos, Gilberto foi transferido de emergência para o Hospital Geral de Malanje, onde segue em tratamento. Segundo ele, os custos do tratamento estão sendo arcados por sua família, já que o suporte recebido das autoridades locais foi mínimo e insuficiente. O jovem e sua família agora exigem que o agente responsável seja criminalmente responsabilizado e que haja uma indenização pelos danos causados.
Até o momento, o Comando Municipal da Polícia Nacional do Cuango ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Tentativas de contato feitas pelo jornal “O Decreto” também não obtiveram resposta, aumentando as críticas sobre uma possível tentativa de encobrimento.
Este incidente lança luz sobre questões maiores, como o tráfico de influência e a corrupção nas forças de segurança na Lunda-Norte, mencionadas por testemunhas. A falta de respostas das autoridades locais e o tratamento desigual de casos envolvendo figuras influentes na sociedade são fatores que contribuem para a sensação de impunidade.
O episódio em Cafunfo reflete um problema maior que envolve abuso de poder e a necessidade de maior transparência e justiça por parte das autoridades. Enquanto Gilberto Domingos Augusto luta pela recuperação, sua família busca não apenas responsabilizar o agente envolvido, mas também expor o que considera ser uma estrutura que facilita a impunidade e o abuso nas forças de segurança. O desfecho desse caso poderá marcar um importante precedente para a busca por justiça na região.