O Hezbollah, grupo político e militar xiita libanês, elegeu recentemente Hashem Safieddine como seu novo secretário-geral, sucedendo a seu primo, Hassan Nasrallah, que morreu em um ataque aéreo israelense nos arredores de Beirute. A escolha de Safieddine foi confirmada no último domingo pelo canal de notícias Al Arabiya e reflete a continuidade de uma liderança de longa data dentro do grupo.
Safieddine, nascido em 1964 no sul do Líbano, possui uma trajetória significativa dentro do Hezbollah. Desde 1995, ele tem feito parte do Conselho da Shura, um importante órgão consultivo da organização. Formado em estudos islâmicos nas cidades sagradas de Najaf, no Iraque, e Qom, no Irã, ele possui profundas ligações com o establishment religioso xiita, o que fortalece sua posição como líder do Hezbollah.
Além de sua formação teológica, Safieddine também foi apontado como um dos principais membros do Hezbollah pelos Estados Unidos, que o classificaram como terrorista em 2017. Essa designação faz parte do contínuo esforço dos EUA para pressionar o grupo, que é visto como uma ameaça à estabilidade regional. Embora Israel e os Estados Unidos considerem o Hezbollah uma organização terrorista, a União Europeia diferencia seu braço político do militar, classificando apenas o último como terrorista.
Conflito com Israel e a instabilidade no Líbano
A morte de Hassan Nasrallah ocorreu em meio à intensificação dos ataques israelenses contra alvos do Hezbollah no Líbano. Nos últimos dias, a escalada do conflito resultou em mais de 105 mortos em ataques aéreos, com milhares de libaneses sendo forçados a abandonar suas casas. Segundo o ACNUR, mais de 70.000 pessoas já fugiram do Líbano, com muitos cruzando a fronteira em direção à Síria, devido à violência crescente.
Essa nova fase de confrontos tem suas raízes no ataque do grupo Hamas contra Israel em outubro de 2023, que provocou uma resposta militar israelense não apenas contra Gaza, mas também contra posições do Hezbollah. O Hezbollah, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã, tem lançado mísseis e drones contra o norte de Israel, exacerbando as tensões na região e levantando temores de um conflito em larga escala que poderia engolir todo o Oriente Médio.
O governo israelense segue determinado a proteger suas fronteiras do norte, onde 60.000 cidadãos israelenses foram evacuados há quase um ano devido à ameaça de ataques do Hezbollah. Enquanto isso, o grupo libanês afirma que só cessará o lançamento de foguetes se houver um cessar-fogo em Gaza, mas as negociações indiretas entre Israel e o Hamas, mediadas por países como o Egito e o Qatar, ainda não resultaram em uma trégua.
A eleição de Hashem Safieddine como secretário-geral do Hezbollah sinaliza a continuidade do movimento em sua resistência a Israel, mantendo-se fiel às suas alianças regionais com o Hamas e o Irã. A mudança de liderança ocorre em um momento particularmente delicado para o Líbano, que já enfrenta graves crises econômicas e sociais.
À medida que o conflito com Israel se intensifica, o Líbano e a região mais ampla do Oriente Médio permanecem em uma situação frágil, com o risco de uma escalada militar ainda maior. As próximas ações do Hezbollah sob a liderança de Safieddine serão cruciais para determinar o futuro do grupo e suas relações com Israel e a comunidade internacional.